TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Câmara aprova cota de 30% para negros nos concursos - JORNAL A TARDE

24/08/2011 - JORNAL A TARDE


O projeto de lei que estabelece cotas de 30% para negros nos concursos realizados pela administração municipal, proposto pelo vereador Gilmar Santiago, foi aprovado nesta quarta-feira, 24, pela Câmara de Vereadores.


A decisão altera a Lei Complementar nº 01/1991, de Salvador, que institui o regime jurídico dos servidores públicos. O projeto inicial previa, entretanto, a reserva de 50% das vagas.
A lei tramitava desde 2009, mas só foi aprovada nesta quarta, após a emenda apresentada pelo vereador Alcindo da Anunciação, que reduzia o percentual em 20%. A nova proposta foi aprovada por unanimidade pelos vereadores.

De acordo com Santiago, o governador Jaques Wagner acenou para a implantação da lei no Estado. "Houve ampla negociação na Casa para garantir a aprovação da medida, que já foi adotada do Rio de Janeiro", concluiu.

O petista lembrou que a nova lei é um instrumento de política afirmativa importante para combater o racismo institucional em Salvador, onde os negros são a maioria da população, porém não tem acesso aos altos cargos da administração pública e têm uma inserção desfavorável no mercado de trabalho.
Conferência - O governo do Estado realizará, no início de outubro, a Conferência Livre da Juventude Negra, que está sendo organizada pela Comissão Organizadora Estadual (COE) da Conferência de Juventude da Bahia e pela Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi).

A iniciativa partiu de uma sugestão da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), que tem proposto aos cadernos estaduais ações que discutam o enfrentamento à mortalidade juvenil, que tem atingido mais a juventude pobre e negra.
A secretária de Ações de Politicas Afirmativas da Seppir, Anhamona de Brito, em reunião na Secretaria de Relações Institucionais, frisou a importância da juventude negra ter um evento específico para discutir as questões relevantes do segmento e destacou as iniciativas do governo federal neste campo.

Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos, diz estudo do DIEESE


As vésperas do dia 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) comprova uma realidade que, na prática, já é bastante conhecida: as oportunidades no mercado de trabalho e os níveis de escolaridade não são os mesmos entre as populações negra e não-negra no Brasil.

A pesquisa, intitulada de "Escolaridade e Trabalho: desafios para a população negra nos mercados de trabalho metropolitanos", comparou dados obtidos em Salvador, Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e no Distrito Federal. Segundo o estudo, o ganho mensal dos negros (formados pelos pretos e pardos) pode ser até 52,9% menor do que o dos não-negros (brancos e amarelos).

De acordo com Patrícia Lino Costa, economista do Dieese, essa diferença de salário pode ser atribuída "à discriminação à população negra". "Nas regiões metropolitanas, o salário médio por hora de um negro com ensino superior é de R$ 13, enquanto o mesmo salário de um branco é de R$ 18", disse. A maior diferença foi encontrada em Salvador, onde o rendimento médio mensal dos negros é de R$ 715, contra R$ 1.350 dos brancos.

Para a economista, a diferença de oportunidades também ajuda a explicar os rendimentos mais baixos dos negros. "Quando a gente olha a população economicamente ativa, a população negra tem uma escolaridade menor", afirmou. Ela explicou ainda que existe uma "diferença histórica" entre a escolaridade de brancos e negros, e isso se mantém, mesmo com o aumento na escolaridade dos negros.

"Apesar do crescimento da escolaridade, existe ainda uma diferença nos indicadores. Mesmo a população negra mais escolarizada tem mais dificuldade para obter um emprego e ganham menos", afirmou. Ainda assim, Patrícia destaca que a escolaridade é "uma condição para uma melhor inserção no mercado de trabalho".

Por outro lado, disse ela, o estudo ajuda a desmistificar "a idéia de que o preconceito não existe". "Os indicadores mostram o tempo inteiro que não, que a população negra está sujeita à discriminação, a mais desemprego e menores salários. Não existe uma região metropolitana onde você pode dizer que isso não exista."

A pesquisa ajuda, também, a orientar políticas publicas que levem em consideração a questão racial e criar condições de acesso à essa população, avaliou a economista. "É um problema que precisa ser enfrentado para ser solucionado. A partir do momento que uma sociedade cria uma secretaria de igualdade social ela admite que não é igualitária e que precisa adotar medidas para corrigir esse problema."

Jornal A Tarde (BA): Mulheres e negros têm menos acesso a transplantes de órgãos no Brasil

28/07/2011 14:38

Ser mulher e negro no Brasil é ter que enfrentar um desafio diário para ter os direitos garantidos.Se você é mulher e negro e está na fila de espera por um transplante de órgãos, saiba que a sua cor e gênero podem diminuir as chances de ter a cirurgia realizada.É isso o que mostra um estudo inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com a pesquisa – que teve como foco os transplantes de órgãos sólidos, como coração, fígado, rim, pâncreas e pulmão -, a maioria dos transplantados no Brasil são homens de cor branca. Um dado preocupante, sobretudo para a Bahia, que tem 82% da população negra.

A análise do Ipea mostra que a cada quatro receptores de coração, três são homens, e 56% dos transplantados têm a cor de pele branca. No transplante de fígado, oito são para pessoas brancas. O mesmo ocorre com os transplantes de pâncreas, pulmão e rim.

Desigualdade
Esse trabalho revela que há desigualdade no recebimento dos órgãos, o que não deveria ocorrer, já que o acesso à saúde é um direito universal”, pontua o economista Alexandre Marinho, da diretoria de estudos e políticas sociais do Ipea, um dos autores da pesquisa. Para realizar o trabalho, os pesquisadores analisaram dados de 1995 a 2004, fornecidos pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

As causas do fenômeno não foram o foco do estudo, mas acredita-se que as condições socioeconômicas tenham influencia no momento de escolha do paciente.
Na opinião do coordenador do Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria do Estado da Bahia (Sesab), Eraldo Moura, a pesquisa precisa ser melhor investigada.

O transplante vem sendo de fato realizado mais em brancos ou em pessoas que se declaram brancas?”, questiona. Segundo Moura não há possibilidade de existir “prioridades” na lista. “Todos têm o mesmo direito. A lista de espera não funciona com o critério cor e gênero”, garante.

A pesquisa Desigualdade de Transplantes de órgãos no Brasil: Análise do Perfil dos Receptores por Sexo, Raça ou Cor será apresentada hoje, às 9h, durante uma audiência pública realizada no auditório do Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador.

Com o tema À População Negra e a Política de Transplante de Órgãos e Doação de Medula Óssea, o evento é realizado pela Ouvidoria da Câmara, em parceria com o Grupo de Apoio à Criança com Câncer (Gacc- BA).

“Embora as causas não tenham sido foco do estudo, acreditamos que os pacientes podem ser excluídos porque não estão aptos para o transplante, provavelmente pelas condições socioeconômicas. Isso tem que ser discutido”, avalia o economista do Ipea, Alexandre Marinho.

Conscientização
De acordo com a vereadora Olívia Santana, também ouvidora-geral da Câmara, o objetivo é conscientizar e estimular a doação de órgãos e medula óssea pela comunidade negra. Olívia reclama da falta de informações acerca dos grupos sociais que compõem o banco de dados do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). “Vamos solicitar do Instituto Nacional do Câncer que disponibilize aos hemocentros a base de dados sobre o perfil genético dos doadores. É fundamental que as campanhas de doação de medula óssea sejam planejadas, garantindo equilíbrio e a diversidade de doadores”, diz