TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

quinta-feira, 29 de março de 2012

Praticante do candomblé, aluno de SP diz sofrer bullying após aula com leitura da Bíblia

Um estudante de 15 anos teria sido alvo de bullying em uma escola estadual de São Bernardo do Campo por causa de sua religião – o candomblé. As provocações começaram após o jovem se recusar a participar de orações e da leitura da Bíblia durante as aulas de história, ministradas por uma professora evangélica. O aluno cursa o 2º ano do ensino médio na escola Antonio Caputo, no Riacho Grande.

Segundo o pai do aluno, Sebastião da Silveira, 63, faz dois anos que o filho comenta que a professora utilizava os primeiros vinte minutos da aula para falar sobre a sua religião. “O menino reclamava e eu dizia para ele deixar isso de lado, para não criar caso. Ela lia a Bíblia e pedia para os alunos abaixarem a cabeça, mas isso ele não fazia, porque não faz parte da crença dele”, disse.

Em outro episódio, fizeram cartazes com a foto de um homem e uma mulher vestindo roupas características do candomblé e escreveram que aqueles eram os pais do estudante. A pedido da família, o menino foi trocado de sala, mas não quer mais ir para a escola e apresenta problemas de fala, como gagueira, e ansiedade.Silveira acredita que a atitude da professora incentivou os alunos a iniciarem uma “perseguição religiosa” contra seu filho. “No fim de fevereiro, comecei a achar meu filho meio travado, quieto. Um dia ele me ligou pedindo para eu ir buscá-lo na escola, quando cheguei lá tinham feito uma bola de papel cheia de excremento pulmonar e tacaram nas costas dele. Cheguei na escola e ele estava todo sujo”, contou.

O pai disse que foi até a unidade de ensino para conversar com a professora de história sobre as orações antes da aula: “Ela se mostrou intransigente e falou que era parte da didática dela. Eu disse que se Estado é laico, alunos de todas as religiões frequentam as aulas e devem ser respeitados, mas ela afirmou que não ia parar”. Silveira já fez um boletim de ocorrência e pretende procurar o Ministério Público hoje (29) para pedir garantias na segurança do filho.

terça-feira, 27 de março de 2012

Navi Pillay - Ao deixar o preconceito e o racismo ferverem em banho-maria, surge o risco real da erupção do conflito


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"Ao deixar o preconceito e o racismo ferverem em banho-maria, surge o risco real da erupção do conflito"Declaração da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, em ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial.

A relação entre racismo e conflito é uma relação profundamente enraizada e bem estabelecida. Certo número de estudos mostrou que um dos primeiros indicadores de violência potencial é o desprezo pelos direitos das minorias. Uma pesquisa promovida por uma organização não-governamental indicou que mais de 55% dos conflitos violentos de intensidade significativa entre 2007 e 2009 tinham as violações dos direitos das minorias ou tensões entre comunidades no centro da violência.
Apenas no último ano, vimos vários exemplos terríveis de violência étnica no meio de conflitos em muitos países do mundo. Na última semana, em uma visita a Guatemala presenciei as consequências trágicas e duradouras de práticas históricas de racismo contra povos indígenas e afrodescendentes. A Guatemala ainda está lidando com o legado de 36 anos de conflito armado.
Prevenir tal conflito é claramente mais desejável do que as tentativas posteriores de apagar as chamas e começar os difíceis processos de reconstrução, reconciliação e justiça – isso sem mencionar os custos humanos e sociais. Entretanto, o problema é que os avisos prévios em relação ao preconceito e à discórdia são frequentemente ignorados, e só quando os mais sinistros e tardios sinais começam a emergir é que o Estado e a comunidade internacional começam a reagir.

Aluno da UFSCar é 1º indígena a ganhar bolsa da Fapesp


fapesp
O aluno do terceiro ano do curso de letras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Luciano Ariabo Quezo, é o primeiro graduando indígena a desenvolver projeto de iniciação científica com bolsa oferecida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O projeto tem como finalidade construir um livro didático na língua indígena Umutina, para ser utilizado nas séries iniciais do ensino fundamental.

A comunidade indígena Umutina, localizada em Barra dos Bugres (MT), conta com aproximadamente 600 pessoas, sendo que 130 são alunos indígenas da escola estadual Julá Paré. Com seu projeto, Luciano pretende contribuir para fortalecer a formação dos profissionais da educação básica intercultural indígena e para a revitalização da cultura indígena local.
O aluno irá produzir e acompanhar a aplicação do material didático bilíngue a ser utilizado no quarto ano do ensino fundamental de escola indígena diferenciada localizada na aldeia Umutina. Luciano explica que a iniciativa do projeto surgiu a partir da execução de outro projeto de Iniciação Científica, do CNPq, com o tema "A importância da língua Umutina na escola Umutina".

TJ cria comissão de enfrentamento à desigualdade racial


igualdade-racial
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) vai criar, junto com o Movimento Negro do Espírito Santo, a Comissão de Enfrentamento ao Racismo e à Desigualdade Racial, sob presidência do desembargador Willian Silva, para identificar todos os processos relacionados à causa dos afrodescentes e mesmo incentivar a discussão da criação e aplicação de leis que incentivem a igualdade racial no Espírito Santo.

A decisão foi tomada no início da noite desta quarta-feira (21), na Presidência do Tribunal, quando representantes do Movimento Negro homenagearam o desembargador William Silva, primeiro negro capixaba a chegar à principal Corte do Estado, e entregaram ao presidente Pedro Valls Feu Rosa um documento no qual reivindicam a adoção de medidas, dentro das competências do Poder Judiciário, para garantir a efetividade da Lei Federal 12.288 e da Lei Estadual 7.723/04, que tratam de políticas de promoção da igualdade social.

No Senado, estudantes negros defendem adoção de ações afirmativas no programa Ciência sem Fronteiras


educafro
Brasília - A organização não governamental (ONG) Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro) defendeu hoje (26) a adoção de cotas em favor de afrodescendentes e de populações carentes no programa Ciência sem Fronteiras - que concede bolsas de estudo de mestrado, doutorado e pós-doutorado em universidades no exterior.
O assunto foi tema de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal. Desde janeiro deste ano, 1,5 mil estudantes foram contemplados com bolsas de estudo em universidades dos Estados Unidos e do Canadá pelo programa Ciência sem Fronteiras. Até o final do ano, a expectativa é que esse número chegue a 20 mil. O intuito do programa é conceder 100 mil bolsas até 2015.
O Educafro considera que a maior parte da população brasileira (mais de 51% que se declara afrodescendente) fica em situação de desigualdade em iniciativas como essas no país. O programa é desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com a participação do Ministério da Educação.

SPM vai financiar projetos de enfrentamento à violência contra as mulheres e promoção da autonomia em todo o Brasil


ViolenciaMulheres


A Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/PR) lança, nesta segunda-feira (26/3), dois editais públicos para a seleção de projetos. Podem participar da seleção órgãos da administração pública estadual, municipal e do Distrito Federal, além de instituições privadas sem fins lucrativos cuja finalidade se relacione diretamente às características dos programas e ações aos quais concorrerão. As propostas devem observar o valor mínimo de R$ 100 mil para os serviços comuns e de R$ 250 mil para as obras e serviços de engenharia.
Órgãos e instituições interessadas têm prazo até o dia 10 de maio para encaminhar projetos relacionados ao enfrentamento da violência contra as mulheres e à promoção da autonomia - 45 dias da abertura dos editais. Para apresentar a proposta de trabalho, é necessário que os proponentes sejam credenciados e devidamente cadastrados no Portal do Sistema de Gestão e Convênios e Contratos de Repasse (Siconv). Após o encerramento dos editais, os projetos serão analisados por uma comissão técnica, de acordo com a política traçada no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e estabelecida no Plano Plurianual 2012/2015.

Uma História do Sucesso Político das Mulheres Negras na Europa


Atualmente, não é raro encontrar mulheres oriundas da diáspora africana que tiveram sucesso em seus percursos socioprofissionais fora de seus países de origem. Muitas se destacaram também na política, ou seja, num contexto bem mais difícil. Contudo, não faz muito tempo e esse sucesso parecia impossível. Para conquistar este espaço, estas mulheres percorreram não só um longo caminho geográfico, mas também cultural e histórico cheio de armadilhas.
Para melhor apreciar o caminho percorrido, é necessário remontar ao século XIX e lembrar-se da imagem que os europeus tinham da mulher negra. Este artigo tratará somente dos casos de mulheres da diáspora africana que foram eleitas ou nomeadas a postos de responsabilidade em outros países que não a antiga potência colonial que dominava seus países de origem.
Uma história de racismo
BaartmanA história da "Vênus hotentote" é sintomática das relações do Ocidente com a mulher africana nos séculos passados. Sébastien Hervieu [en, fr] conta a história da sul-africana Saartjie Baartman, mais conhecida como a "Vênus hotentote". Num artigo publicado em outubro de 2010 em seu blog afriquedusud.blog.lemonde.fr, ele faz uma resenha [fr] do filme de Abdellatif Kechichesobre esta trágica história:
No início do século XIX, esta escrava foi levada à Europa e tornou-se objeto de atração nas feiras por causa de seus proeminentes atributos físicos. Alguns "cientistas" utilizaram-na para teorizar a inferioridade da "raça negra". Quando ela morreu, com somente 25 anos, seus órgãos genitais e seu cérebro foram colocados em frascos com formol, e seu esqueleto e um molde de seu corpo foram expostos no Museu do Homem em Paris. Apenas em 2002 que a França aceitou devolver os despojos de Saartjie Baartman à África do Sul, concluindo assim um longo imbróglio [fr] jurídico e diplomático.

Aniversário de Salvador: Magary recebe convidados em show no Farol da Barra


Ao completar 463 anos, Salvador recebe uma homenagem especial no Farol da Barra. Um show comandado pelo cantor e compositor Magary Lord agita o público no domingo, 1º de abril, a partir das 19h30. No evento, ele recebe Márcia Short, Lazzo Matumbi, Roberto Mendes, Peu Meurray e Toni Garrido. A filha do cantor, Kalinde Maiara, também participa da festa.

Em 2011, quem cantou parabéns para a cidade foi Ivete Sangalo, quando abriu a turnê do show Madson Square Garden, em frente ao Elevador Lacerda. Em 2010, a festa foi comandada pela banda de pagode Parangolé no Farol da Barra.

Serviço
Aniversário de Salvador com Magary Lord e Convidados
Local - Farol da Barra
Data - 1º de abril
Horário - 19h30
Evento gratuito

Jovem é condenado a 56 dias de prisão por mensagens racistas contra Muamba

Fabrice Muamba sofreu uma parada cardíaca durante partida no último dia 17

Um rapaz britânico de 21 anos foi condenado a 56 dias de prisão por “incitar ódio racial” no Twitter. Liam Stacey admitiu que foi o autor de mensagens racistas contra Fabrice Muamba, jogador do Bolton que sofreu uma parada cardíaca em campo no último dia 17.
Stacey primeiramente argumentou que sua conta na rede social havia sido roubada e a alegou que a mensagem foi publicada por outra pessoa. Em juízo, porém, voltou atrás e admitiu a autoria.O jovem, que estava em liberdade condicional, debochou do estado de saúde do atleta em mensagem no microblog. “(Gargalhadas) Muamba está morto”, dizia o texto. Diante da repercussão, o autor apagou a frase.

“Não há alternativa que não seja uma pena de prisão imediata”, afirmou o juiz responsável pelo caso.
Muamba sofreu uma parada cardíaca no segundo tempo do jogo do Bolton contra o Tottenham. Segundo médicos que o atenderam, seu coração ficou sem bater por 78 minutos e a recuperação pode ser considerada um “milagre”.
FONTE: UOL

sábado, 24 de março de 2012

Hamilton faz a pole na Malásia


Hamilton (c), Button (d) e Schumacher: na ordem, os três primeiros do grid da MalásiaLewis Hamilton confirmou o domínio da McLaren demonstrado na sexta-feira e cravou a pole position para o GP da Malásia no treino de classificação deste sábado. Líder das duas primeiras sessões livres, o inglês fez o melhor tempo de 1min36s219 e vai largar na frente pela segunda vez seguida nesta temporada.

GRID DO GP DA MALÁSIA

1. Lewis Hamilton (ING/McLaren)
2. Jenson Button (ING/McLaren)
3. M. Schumacher (ALE/Mercedes)
4. Mark Webber (AUS/Red Bull)

  • Hamilton vai dividir a primeira fila com o companheiro Jenson Button, repetindo a dobradinha da McLaren que já foi vista nos treinos do GP da Austrália. O alemão Michael Schumacher vai largar em terceiro lugar.
O treino de classificação não foi ideal para os brasileiros, que ainda assim mostraram evolução em relação à estreia. A Ferrari de Felipe Massa não conseguiu passar do Q2 e vai largar apenas em 12º lugar. Bruno Senna sairá logo atrás, em 13º lugar. Ambos ficaram atrás de seus respectivos companheiros de equipe.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Em Homenagem ao Dia Internacional da Luta Contra o Racismo e Dia internacional da Poesia: Navio Negreiro, Castro Alves

I


'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.

II

Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...

III

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

V

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ..

VI

Existe um povo que a bandeira empresta 
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!VI

segunda-feira, 19 de março de 2012

Secretaria de Justiça dá posse à primeira transsexual do serviço público baiano

Paulette Furacão, primeira transsexual a ocupar um cargo público no Estado, toma posse nesta quinta-feira (15), do Núcleo LGBT, da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH). A solenidade acontece no Auditório Pedro Milton, no andar térreo da SJCDH, às 10h.

Ela é militante da causa LGBT desde 2006, dois anos após o assassinato da amiga Laleska D'Capri, que deu nome a uma associação de luta pelos direitos dos homossexuais e instituição pela qual foi escolhida por estar à frente. A Associação, com sede no Nordeste de Amaralina, faz parte do Fórum LGBT baiano e participou da Primeira Conferência Nacional LGBT em 2008.

Paulette, 25 anos, diz representar todos os homossexuais e que sua posse trará um olhar diferente para a questão da igualdade social. A inserção no mercado de trabalho traz dignidade às pessoas. A gente sabe que, com emprego, as pessoas conseguem tocar suas vidas dignamente e melhorar sua autoestima, contou, afirmando que a nomeação de um transsexual para um cargo público também promove a aceitação e inserção dos homossexuais na sociedade.

Eu quero perder rapidamente o título de única. Já percebemos que o Brasil está atrasado nas políticas públicas para o segmento LGBT. Mas isso vai começar a mudar, disse Paulette.


quinta-feira, 15 de março de 2012

A piada comigo foi a mais leve, diz músico após confusão em show

O músico Raphael Lopes, 24, que chamou a polícia durante um show de stand-up após ser comparado a um macaco por um humorista, diz que a piada racista da qual foi vítima foi a coisa "mais leve" que ouviu na noite de segunda passada, no Kitsch Club, zona sul de São Paulo.

Raphael, conhecido como Rapha "Dantop", estava a trabalho no local, tocando teclado para a banda da casa.

Ele não assinou o termo que era submetido às pessoas que pagaram R$ 60 para ver a apresentação de vários comediantes, entre eles Danilo Gentili, Fábio Rabin e Felipe Hamachi, este último autor da piada que causou a confusão.

No termo, clientes se comprometiam a não ficarem ofendidos com o humor "Proibidão" da noite, que teve como temas centrais negros, gays, deficientes e mulheres.

O advogado de Raphael, Dojival Vieira, afirma que estuda "medidas legais cabíveis". Hamachi já pediu desculpas públicas ao músico.



quarta-feira, 14 de março de 2012

Show com piada racista termina em confusão na zona sul de SP

Acabou em confusão a primeira edição do "Proibidão", show de stand-up no qual comediantes fazem piadas preconceituosas contra negros, gays, deficientes e mulheres.

Um músico da banda que fazia as vinhetas entre uma apresentação e outra se sentiu ofendido por uma piada racista contada pelo humorista Felipe Hamachi.

Negro, o tecladista chamou a Polícia Militar. Após muita conversa, a confusão foi resolvida ali mesmo, sem a necessidade de registrar um boletim de ocorrência.

CARTA ANTIOFENSA

O show aconteceu na noite de anteontem, no Kitsch Club, zona sul paulistana.

Já na entrada, as pessoas tinham de assinar um termo de compromisso, confirmando que não ficariam ofendidas com nada que fosse dito.

A plateia era formada por pessoas de várias idades. Havia negros e mulheres. Entre os comediantes estavam Danilo Gentili, Fábio Rabin e Luiz França. Alexandre Frota era o apresentador.

A confusão ocorreu no momento em que o humorista Hamachi disse que não se pega Aids em relações sexuais com macacos e, em seguida, dirigiu olhares para o tecladista insinuando que mantinha uma relação com ele.

Estilista Glória Coelho dá declaração racista

Em declaração para o jornal Folha de São Paulo, estilista Gloria Coelho expressou idéias racistas ao falar de sua opinião a respeito de proposta do Ministério Público de determinar cotas de modelos negros no evento São Paulo Fashion Week.

No Domingo dia 12 de Abril de 2009, a Folha de São Paulo publicou em seu caderno Cotidiano a notícia ?Promotora quer cota para negros em desfiles de moda?. A estilista Gloria Coelho foi uma das entrevistadas sobre a proposta de cota, e a declaração dela foi a seguinte:

"na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?"

A reportagem aponta que ?No Brasil, 49,7% da população é composta por negros e pardos, segundo o último censo do IBGE (de 2007)?, mesmo assim ?apenas oito dos 344 modelos que desfilaram na [última edição do] SPFW eram negros - 2,3% do total?.

sábado, 10 de março de 2012

Jogadora cubana de vôlei diz ter sido alvo de insultos racistas em Santa Catarina


Daimi Ramirez disse ter ouvido recado racista de torcedor e para que voltasse à Cuba
Daimi Ramirez disse ter ouvido recado racista de torcedor e para que voltasse à Cuba
A oposto do Usiminas/Minas, a cubana Daimi Ramirez afirma ter sofrido insultos racistas durante partida contra o Rio do Sul, em Santa Catarina. De acordo com a jogadora, um torcedor teria se aproximado da atleta e pedido para ela voltar para Cuba, destacando o fato dela ser negra.
“Que merda! Este povo cada vez me decepciona mais e mais. Chamar-nos de “negras de merda e voltem para Cuba”... Não têm respeito pelos jogadores e é super triste que, em pleno século 21, passem coisas como esta”, postou Ramirez no Facebook.
A equipe do Minas também tem outra cubana, Herrera. As provocações também foram direcionadas a Herrera, diz Daimi Ramirez. O jogo aconteceu na sexta-feira e teve vitória do Minas por 3 a 1.
Recentemente, outro caso de racismo gerou repercussão negativa no vôlei. O oposto Wallace Souza, do Cruzeiro, foi vítima de um ato racista durante o segundo set da  partidaque acabou vencida pelo Minas por 3 sets a 2. Uma torcedora, após um ponto do atleta, gritou "Wallace, seu macaco, volta para o zoológico". Depois, a palavra "macaco" foi ouvida outras vezes por quem estava na quadra.

Mercado de escravos


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Durante o século XVI, com o desenvolvimento dos engenhos de açúcar no Brasil Colonial, os portugueses se depararam com a necessidade de adquirir mão de obra para trabalhar nesses engenhos. A partir de então, para suprir a necessidade de mão de obra, a solução encontrada foi a implantação do trabalho escravo. Os primeiros a serem escravizados foram os indígenas; entretanto, os jesuítas (Companhia de Jesus) tinham como principal objetivo a catequização e a proteção dos povos indígenas. Além disso, foram criadas leis que coibiram a escravidão indígena.
Rapidamente, os portugueses tiveram que pensar em outra solução para compensar a falta de mão de obra. A saída foi introduzir o trabalho escravo negro africano no Brasil, por meio do tráfico negreiro (atividade altamente lucrativa). Antes de implantá-lo no Brasil, os portugueses já haviam utilizado o trabalho escravo africano nas ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde.
Os escravos africanos foram trazidos ao Brasil nos tumbeiros (navios negreiros). Quando chegavam ao território brasileiro, eram levados para o mercado de escravos, onde eram negociados com os senhores proprietários de engenhos.

Turismo educativo - Salvador Bahia


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Projeto da Universia Brasil pretende trazer turismo histórico ao site. Mostrando a importância de explicar a história utilizando fatos, museus e coisas do presente que contam o nosso passado

Alguns acontecimentos do passado marcam nossas vidas até hoje, o que muita gente não sabe é que existem monumentos, museus e quadros que fizeram parte da nossa história e continuam presentes em nosso cotidiano, só que acabam passando despercebidos.
O especial Turismo Educativo vem mostrar que a história está mais viva e perto do que você imagina. Ela está presente nos lugares mais inusitados, e das formas mais diferentes possíveis. O projeto pretende recontar a história do Brasil de maneira simples e clara, tudo para facilitar o seu trabalho na hora de estudar.

Concessão de vistos para haitianos no Brasil só atendeu 30% da cota


haiti no brasil
Em um mês, desde que vigora a resolução do Conselho Nacional de Imigração (CNIg) sobre vistos para haitianos, é grande a procura pelos que querem emigrar ao Brasil, mas a burocracia é empecilho. Neste primeiro mês, a Embaixada do Brasil no Haiti concedeu apenas 30% da cota. A Resolução nº 97/2012 passou a vigorar em 18 de janeiro. Até a última quinta-feira (23/2), segundo a missão brasileira no Haiti, foram emitidos 30 vistos permanentes.

A embaixada informou que alguns dos contemplados poderão estar acompanhados por parentes. O embaixador brasileiro em Porto Príncipe, Igor Kipman, confirmou que as exigências burocráticas limitam a concessão maior de permissões.
Para se candidatar ao visto, o interessado deve ter passaporte em dia, ser residente no Haiti (o que deve ser comprovado por atestado) e apresentar declaração de bons antecedentes. Com todos os documentos em mãos, deve ainda pagar US$ 200 para a emissão do visto. Mas são poucos os que dispõem de todos os documentos - cuja produção leva cerca de um mês.

Campanha pela prisão de Joseph Kony movimenta redes sociais


kony 2012
ONG americana pede mobilização para deter líder de milícia que atua na Uganda

Nos últimos dias, as redes sociais foram invadidas por uma enxurrada de comentários e links de um vídeo sobre um criminoso de Uganda. "Kony 2012" faz um apelo para tornar Joseph Kony, o líder do Exército da Resistência do Senhor (ERS), mundialmente conhecido e, assim, pressionar autoridades internacionais a detê-lo.
Kony se diz um porta-voz divino e quer que Uganda seja regida pelos Dez Mandamentos. Ele é conhecido pela brutalidade com que comanda invasões de aldeias que promovem a morte dos adultos e o sequestro de crianças. Meninos se transformam em soldados do grupo e as meninas se tornam escravas sexuais. Ele usa passagens bíblicas para justificar suas ações e costuma mutilar o rosto das crianças. Sabe-se que seus seguidores obedecem fielmente as regras e rituais impostos por ele.
O vídeo foi produzido pela ONG americana Invisible Children e é narrado por um de seus fundadores, Jason Russell. Essa organização luta pelo fim do poder de Kony e afirma que ele já forçou 66 mil crianças a aderirem a seu movimento nas últimas duas décadas. A campanha também convoca os espectadores para um protesto mundial no dia 20 de abril, quando vários simpatizantes da causa devem espalhar cartazes e adesivos sobre o caso em várias cidades do mundo.

Jovem do Distrito Federal representa o Brasil em reunião da ONU sobre drogas


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Uma jovem tímida, de sorriso largo, que vive em uma das regiões mais vulneráveis do Distrito Federal (DF), vai representar o Brasil na 55ª Comissão sobre Narcóticos e Drogas das Nações Unidas, em Viena, na Áustria. Ruth Itunu Adewonuola, de 18 anos, moradora da Ceilândia, foi escolhida como um dos sete embaixadores da juventude da Organização das Nações Unidas (ONU).

Durante o encontro, os embaixadores vão trocar informações, experiências e visões sobre a situação do uso de drogas em seus países e da prevenção e do tratamento oferecido aos usuários de drogas nas suas comunidades. Essa é a primeira vez que jovens participam de evento paralelo à reunião da comissão, que ocorre de 12 a 16 de março. A representante do Brasil vai embarcar neste sábado para Viena.
Nascida em 1993, em Abuja, na Nigéria, Ruth chegou ao Brasil com os pais quando tinha 3 anos. A jovem estudou em escola pública, fala português, inglês e francês. Ela terminou o ensino médio no ano passado e está se preparando para prestar o vestibular. Sonha em cursar direito na Universidade de Brasília (UnB). "Vou fazer direito e mestrado em relações internacionais. Quero trabalhar com direito internacional. Tenho certeza que participar desse evento vai me abrir muitas portas".

O maior legado de Nelson Mandela



mandela legado
O aeroporto de Johanesburgo, na África do Sul se destaca por sua suntuosidade e pelo grande fluxo de passageiros que circulam por seus terminais. Mas o que me chama a atenção todas as vezes que passo por aquele aeroporto é a grande estátua de Nelson Mandela à frente de uma loja de souvenir.


Impressiona a quantidade de pessoas, turistas ou nacionais que param em frente àquela estátua para se deixar fotografar ao lado do maior símbolo da história da África do Sul.
Depois de 27 anos preso, em 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela recuperava sua liberdade. Era o começo do fim do apartheid. Quatro anos mais tarde, "Madiba", como é conhecido por seus seguidores, através das urnas foi eleito presidente da África do Sul.
Em conversas com cidadãos comuns, percebemos que muitos são gratos pelo fato de que o ex-presidente e ganhador do prêmio Nobel da Paz ainda esteja com eles. Deixou a cena política e pública há bastante tempo, mas a sensação de que ainda está perto-desfrutando de sua aposentadoria - e isto os reconforta.

Família Mandela construirá museu no povoado natal do ex-presidente


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O Conselho tradicional de Mvezo, localidade onde nasceu o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e que é presidido por seu neto Mandla, iniciará em abril a construção de um museu em homenagem ao filho ilustre dessa cidade ao sudeste da África do Sul.

A empresa encarregada pelo projeto, Afesis-Corplan, explicou nesta quarta-feira à Agência Efe que o "centro de interpretação de Mandela" - que pretende explicar a história do clã Mandela e as raízes familiares do ex-governante - é a primeira obra de um projeto ambicioso, que inclui albergue e hotel cinco estrelas.
Com orçamento de US$ 2,7 milhões, a construção será financiada pela Fundação das Loterias do Estado. A obra foi licitada em 20 de fevereiro e tem previsão de início para 28 de fevereiro de 2013, conforme relatório da empresa Afesis-Corplan.
O museu faz parte de um projeto maior na área de cinco hectares. O terreno inclui os vestígios da casa onde nasceu o ex-presidente Mandela há mais de 93 anos, lote que atualmente é alvo de uma disputa entre a família Mandela e o Governo da África do Sul.

Racismo: A outra face da falsa alegria da Bahia


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"O problema do negro, no Brasil, nunca mereceu um tratamento devido. E, em vez disso, presenciamos silêncios, inclusive por parte de profissionais da imprensa que deveriam ter o papel de informar formando."

"Quem é ateu e viu milagres como eu/Sabe que os deuses sem Deus/Não cessam de brotar, nem cansam de esperar/E o coração que é soberano e que é senhor/Não cabe na escravidão, não cabe no seu não/Não cabe em si de tanto sim/É pura dança e sexo e glória, e paira para além da história...", essa belíssima e amarga canção do velho e bom Caetano Veloso sintetiza bem a onda burra de racismo escancarado com que nos deparamos na Bahia e no Brasil, de uma maneira geral, e que é fortemente reforçada pela mídia, tanto impressa como televisiva.
Mas, no último dia 24 de fevereiro, me deparei com uma matéria de capa no jornal A Tarde – jornal abertamente preconceituoso, separatista, demagogo e burocrático –, assinada pela jornalista Maíra Azevedo, retratando justamente essa lamentável situação do início desse post, que cotidianamente as camadas populares em Salvador (BA) vivenciam, mas que, infelizmente, os meios de comunicação dessa província preferem omitir – e o A Tarde também nunca foi de expor essas mazelas em suas páginas, principalmente no período de Carnaval.