TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

segunda-feira, 30 de julho de 2012

QUESTÃO RACIAL: Quatro policiais acusados da morte do menino Juan irão a júri popular

juan
Em decisão na última sexta, Justiça também manteve as prisões preventivas deles
O juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, decidiu na última sexta-feira (27) que os quatro policiais militares acusados da morte do menino Juan Moraes, 11 anos, em junho do ano passado, irão a juri popular. A data, porém, ainda não foi definida.
Segundo o juiz, "há indícios suficientes de autoria e participação, prova da materialidade, tipicidade e ilicitude da conduta delituosa imputada, inclusive, das qualificadoras, delineadas nas provas orais" para que o caso seja julgado pelo júri popular.
O magistrado também manteve as prisões preventivas de Isaias Souza do Carmo, Edilberto Barros do Nascimento, Ubirani Soares e Rubens da Silva. Eles são acusados da prática de dois homicídios dolosos qualificados pelo motivo torpe e pelo emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas, e duas tentativas de homicídios dolosos, também duplamente qualificados, contra Igor Souza Afonso, Juan Moraes Neves, Wesley Felipe Moraes da Silva e Wanderson dos Santos de Assis.
Quanto às prisões, Silva afirmou estar convencido da "essencialidade" delas. Além disso, explicou que "não houve alteração no quadro fático que propiciou a decretação e manutenção de suas custódias". E ainda: "elas são asseguradoras do bom curso da instrução processual e garantia da ordem pública".
Relembre o caso
O menino Juan morreu baleado durante uma operação da PM no bairro Danon, em Nova Iguaçu. De acordo com o depoimento do irmão de Juan, que também foi atingido durante a ação, ele e o menino iam para a casa quando foram surpreendidos pelos tiros. O rapaz contou que, quando foi abordado pelos policiais, eles o confundiram com um traficante e o chamaram de "aviãozinho" do tráfico de drogas. O caso revoltou a família e os moradores da comunidade. O corpo de Juan foi encontrado na beira do rio Botas, em Belford Roxo, também na baixada, dias depois da morte.
 Fonte: R7

ÁFRICA E SUAS LUTAS: África do Sul condena supremacista branco por plano para matar Mandela

mike du toit
Mike du Toit, líder do grupo racista Boeremag, que arquitetou um plano para matar Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da África do Sul, foi condenado por traição nesta quinta-feira.
A Suprema Corte em Pretória condenou ainda Du Toit por estar por trás de nove atentados a bomba contra a favela de Soweto, a maior de Joanesburgo, que em 2002 deixaram um morto. Ele é a primeira pessoa condenada por traição na África do Sul desde o fim do apartheid, em 1994.
A corte anunciou o veredicto contra Du Toit, um ex-acadêmico, depois de um julgamento de nove anos.
O juiz Eben Jordaan afirmou que Du Toit era autor de um projeto de "revolução" que pretendia desalojar negros da maior parte da África do Sul e matar qualquer um que se opusesse, segundo a Associação de Imprensa da África do Sul.
O Boeremag também planejou assassinar Mandela, que passou 27 anos preso antes de ser eleito presidente em 1994 e conseguir unir forças na luta pela igualdade racial e dar fim ao regime do apartheid.
Outros suspeitos
Mais de 20 outros suspeitos estão sendo julgados com Du Toit, mas a Justiça ainda não deliberou suas sentenças.
Ao longo do julgamento, cerca de 200 pessoas testemunharam, incluindo policiais e informantes de dentro do grupo.
'Afrikaner Blood': Documentário mostra acampamento que 'ensina racismo'
Mandela, que completou 94 anos de idade em 18 de julho, permaneceu como presidente da África do Sul até 1999, quando passou o poder para Thabo Mbeki.
Apesar de a legislação ter mudado desde então no país, as relações raciais ainda se mostram extremamente tensas na África do Sul. Grupos extremistas com o Boeremag, cujo nome significa "poder africâner", no entanto, não têm tido tanto apoio como antes.
Fonte: IG

ÁFRICA E SUAS LUTAS: MPF e PF apuram possíveis crimes de racismo e tortura contra estrangeiro

camaronense
O Ministério Público Federal (MPF) em Paranaguá e a Delegacia de Polícia Federal (DPF) estão apurando notícias de racismo, tortura e tentativa de homicídio que teriam ocorrido no mar territorial brasileiro. Um camaronês, que entrou clandestinamente em um navio de bandeira maltesa e tripulação turca no Porto de Douala (Camarões), informou em depoimento que foi agredido verbal e fisicamente, além de ter sido privado de sono e mantido em uma pequena cabine, antes de ser obrigado a sair do navio, em mar aberto. O homem permaneceu à deriva em um pallet (estrutura de madeira usada no transporte de cargas) por cerca de 11 horas, até ser resgatado por um navio que vinha do Chile. O homem foi resgatado 15 quilômetros do porto de Paranaguá.
De acordo com seu depoimento, o camaronês permaneceu escondido por oito dias até que sua comida e água acabassem. Quando foi descoberto, disse que levou chutes no peito e tapas no rosto, chegando a ficar desacordado. Machucado, teria sido levado a uma cabine de 2x3m. Segundo ele, um dos agressores disse que "não gostava de preto" e que para ele "todos são animais". Ao longo da viagem, o clandestino recebia duas refeições diárias e, à noite, alguns tripulantes batiam na porta e na janela para evitar que ele dormisse. Depois de 11 dias no navio, por volta das 19h, o camaronês recebeu uma lanterna e 150 euros da tripulação e foi obrigado a sair do navio.
Em um primeiro momento, a tripulação do navio negou que tivesse ocorrido qualquer episódio envolvendo um clandestino a bordo. No entanto, em buscas e apreensões realizadas a pedido do MPF e autorizadas pela Justiça, foram arrecadados vários elementos que indicam a presença do camaronês no navio, tais como a compatibilidade da descrição de detalhes do interior da embarcação e, ainda mais contundente, a localização e apreensão de uma fotografia que a vítima escondeu com objetivo de comprovar sua permanência no local.
Para dar continuidade às investigações, toda a tripulação do navio está proibida de deixar Paranaguá, sob a vigilância da agência marítima. Esta liberdade vigiada foi solicitada pela DPF, com parecer favorável do MPF.
O MPF vem acompanhando as investigações diretamente, afim de, diante da complexidade dos fatos, garantir plenamente os direitos constitucionais, tanto da suposta vítima, quanto da tripulação sob investigação. Assim que o Inquérito for concluído, o MPF verificará se oferece ou não denúncia contra a tripulação do navio.
Fonte: Bem Paraná

AFROBRASILEIROS E SUAS LUTAS: Obrigado por participar dessa campanha Em defesa do Quilombo Rio dos Macacos

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Irmãs, Irmãos e solidários
Assine e divulgue em defesa Contra a expulsão dos Quilombolas de seu território. O INCRA concluiu o Relatório que comprova a presença da Comunidade Rio dos Macacos a mais de 200 anos naquele Território. PORTANTO A MARINHA É INVASORA, ENTÃO FORA A MARINHA! Ocorre que por pressões politicas, o INCRA ainda não publicou o relatório. Tudo indica que manobras politicas do governo da BA e Federaltramam para o adiamento desse ATO para favorecer a Marinha, obrigando os quilombolas aceitarem a proposta do INVASOR. FORA O INVASOR! FORA A MARINHA! PELA MANUTENÇÃO DOS QUILOMBOLAS DO RIO DOS MACACOS EM SEU TERRITÓRIO! PELA PUBLICAÇÃO DO RELATÓRIO DO INCRA IMEDIATAMENTE!
Fonte: Lista Racial 

NOTÍCIAS EUROPÉIAS: Itália resgata dezenas de imigrantes africanos à deriva

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Imigrantes foram levados à ilha de Lampedusa; entre os tripulantes, havia quatro mulheres grávidas
A Guarda Costeira italiana resgatou neste sábado (27/07) 75 imigrantes provenientes da região da África subsaariana que estavam à deriva em um bote.
O resgate aconteceu após uma chamada de emergência feita por um telefone via satélite. Dos 75 imigrantes, 24 são mulheres e quatro delas estão grávidas.
"Eles estão exaustos, mas ninguém precisou de socorro médico", disse o porta-voz da guarda costeira, Filippo Marini.
Ainda não se sabe qual é a origem do bote, de apenas dez metros, e nem quanto tempo ele ficou no mar. Os imigrantes foram levados à ilha de Lampedusa, a menos de 100 quilômetros da costa norte-africana.
No último ano, devido aos conflitos suscitados pela Primavera Árabe, houve um aumento do fluxo de imigrantes para a Europa.
 Fonte: Opera Mundi

NOTÍCIAS DE CELEBRIDADES AFRODESCENDENTES: 18 anos sem Mussum

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Há 18 anos, mais exatamente em 29 de julho de 1994, morria um dos maiores humoristas do Brasil, Antônio Carlos Bernardes Gomes, o querido Mussum.
Como membro do grupo "Os Trapalhões", Mussum alcançou a fama nacional e se tornou um personagem inesquecível. Sempre acompanhado de sua inseparável 'branquinha' – que ele chamava de 'cachacis' –, o também sambista fazia rir com frases como "Quero morrer pretis", e exaltando a "Mangueris de Mumu" (a escola de samba Estação Primeira de Mangueira).
Há pouco tempo, Mussum se tornou ícone pop e passou a estampar camisetas e virar "meme" na internet. Não há quem nunca tenha visto pelo menos alguma foto de Mussum em montagens nas redes sociais.
Para homenagear esta figura tão amada e saudosa, o portal de notícias fez uma galeria com as melhores imagens do humorista que circulam por aí.


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Fonte: Tribuna Hoje

RACISMO NO BRASIL: Africanos são assassinados no Brasil por motivos racistas, segundo organizações de direitos humanos


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São Paulo - Africano que estudava em Fortaleza é espancado e morto. Estudante africano é morto em Cuiabá. Universitária é morta e angolanos são feridos no Brás. Pelo menos dez manchetes como essas foram estampadas em jornais de diferentes capitais brasileiras nos últimos doze meses, segundo denunciaram hoje (28) organizações de direitos humanos em audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo.

Para as entidades, esses atos têm um pano de fundo comum: xenofobia e racismo contra imigrantes africanos no país.
Durante a audiência, os ativistas entregaram para Ribamar Dantas, representante dos trabalhadores no Conselho Nacional de Imigração (CNIg), um documento que pede a revisão da legislação migratória, bem como o desenvolvimento de políticas públicas que inibam a discriminação racial. O representante comprometeu-se a indicar, nos próximos dias, uma data para discussão desses temas no conselho.
"Uma vertente [de mobilização] é a resposta na investigação dos casos de violência e assassinatos. A outra é a política migratória brasileira, que precisa urgentemente de revisão, para que, além de se pautar pelos direitos, garanta particularidades de imigrantes negros e africanos", avalia Cleyton Wenceslau Borges, advogado do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (Cdhic).
Em São Paulo, as mobilizações começaram em maio deste ano, após a morte da estudante angolana Zulmira de Souza, no dia 22 daquele mês, no bairro do Brás, na zona leste da cidade, assassinada após discussão entre angolanos e brasileiros quando comemorava a colação de grau.
"Um brasileiro fez um insulto de cunho racista, referindo-se aos angolanos como macacos. Houve discussão, mas sem agressão física. O brasileiro, então, retornou atirando nas pessoas", relata o estudante angolano Álvaro Bastos, de 24 anos, estudante de direito em uma universidade particular paulista.
A Polícia Civil de São Paulo investiga o assassinato, mas, segundo o advogado do Cdhic, o caso corre em segredo de Justiça. Um dos encaminhamentos da audiência foi que, caso as investigações não transcorram de forma a identificar e punir o culpado, o fato será levado às instâncias federais, como Defensoria Pública da União e Ministério Público Federal.
"Estamos acompanhando se está sendo dado o encaminhamento correto. Estivemos, inclusive, reunidos com a Secretaria de Segurança Pública do estado, que demonstrou atenção ao caso", explicou Rodrigo Jácomo, defensor público federal.
Jácomo já atuou em Cuiabá, Mato Grosso, no caso do assassinato de imigrante da Guiné-Bissau Toni Bernardo da Silva, de 27 anos, ocorrido em setembro de 2011. Segundo o defensor, o acusado será levado a júri popular. Ele informou ainda que, nesse caso, houve pedido formal de desculpas do governo brasileiro ao governo guineense. O mesmo pedido foi requerido pelas entidades de direitos humanos no caso da angolana Zulmira, por meio de uma representação feita ao Ministério das Relações Exteriores, na semana passada.
Atos discriminatórios contra estudantes africanos também estão sendo acompanhados por organizações de direitos humanos em Fortaleza, no Ceará. Segundo relatório do Escritório de Direitos Humanos Frei Tito de Alencar, estudantes africanos, em especial guineenses, são submetidos a condições precárias de sobrevivência no estado, após imigrarem iludidos por propaganda enganosa de faculdades particulares.
"A promessa de um custo de vida mais barato do que eles realmente encontram aqui faz com que os estudantes se submetam a situações ilegais para garantir a sobrevivência no país", explicou a advogada do escritório, Talita de Araújo. A entidade acompanha também as investigações da morte do estudante cabo-verdiano Jason Teixeira Hoffer Barreto, de 22 anos, em Fortaleza, em agosto do ano passado.
 Fonte: CenárioMT

QUESTÕES DE GÊNERO: Fundamental: 'Mulheres, negros e outros monstros: um ensaio sobre corpos não civilizados'


anastaciaescrava
“O basilisco [monstro em forma de serpente] é capaz de fulminar o homem pelo olhar porque, ao vê-lo [...] põe em movimento pelo corpo um terrível veneno que, lançado pelos olhos, impregna a atmosfera com sua substância mortífera [...] Mas quando é o homem que vai ao encontro da fera guarnecido de espelhos [...] o resultado é diverso: o monstro, vendo-se refletido nos espelhos, lança seu veneno contra o seu próprio reflexo: o veneno é repelido, retorna sobre ele e o mata.”
(Malleus Maleficarum: o martelo das feiticeiras – Heinrich KRAMER e James SPRENGER, 1991, p. 73)

 Jonatas FerreiraI; Cynthia HamlinII
IUniversidade Federal de Pernambuco 

IIUniversidade Federal de Pernambuco


RESUMO
A dinâmica ocidental de civilização implica uma relação tensa entre corpo e mente, cultura e natureza, civilização e barbarismo. No ensaio que se segue, exploramos a construção deste último dualismo ao investigarmos os espaços nos quais certos corpos são definidos como monstruosos. Em particular, estamos interessados na constituição de uma visão científica de diferenças raciais, sua especificidade em relação à percepção medieval do lugar da alteridade, seu papel em legitimar a circulação de corpos 'monstruosos' como mercadorias e sua reivindicação de desvendar uma hierarquia objetiva de raças e gênero. De Lavater a Curvier, a classificação das espécies oferece um modelo hierárquico que será apropriado pelos discursos de raça e gênero na biologia. Nesse contexto, um caso pode ser considerado paradigmático: a 'Vênus Hotentote'. Argumentamos que a negociação política do status ontológico de Sara Baartman, durante os séculos XIX e XX, representa precisamente tal esforço para estabelecer as fronteiras de civilidade mediante a circulação e a exclusão de corpos incivilizados.
Palavras-Chave: mulheres; corpos negros; teratologia; ciência.

ESPORTE: Olimpíadas 2012: Para Bolt ‘9s4 é o limite humano, não importa o quanto você treine’

usain bolt
Desde que Usain Bolt ganhou três medalhas de ouro em Pequim-2008, o homem mais rápido do mundo estabeleceu novos recordes mundiais, como os 9s58 nos 100m rasos, em 2009. Às vésperas dos Jogos Olímpicos de Londres, o velocista jamaicano revela que pretende cravar 9s4 e impor uma marca que será impossível de ser superada a partir daí.
- Eu posso fazer 9s4 nos 100m rasos. Mas este é o limite humano, não importa o quanto você treine. É impossível chegar a 9s2. O corpo não é feito para isso - disse ao jornal inglês "The Sun".

Apesar das incertezas que pairam sobre as reais condições de Bolt para Londres-2012, o treinador Glen Mills acredita que o atleta, prestes a completar 26 anos, está em seu auge. As suspeitas começaram após a derrota de Bolt para o compatriota Yohan Blake, de 22 anos, nos 200m da seletiva jamaicana, no início do mês. Desde então, o velocista sente dores no tendão direito e deixou de competir, para se recuperar até os Jogos.

Apesar do recorde mundial nos 100m, o verdadeiro foco de Bolt é nos 200m. Para o atleta, a prova de 200m exige mais técnica, porque depende da execução correta de uma curva. O jamaicano detém o recorde mundial também nesta categoria, com o tempo de 19s19 registrado em 2009. Blake aparece de novo como principal rival nesta modalidade e alcançou a segunda melhor marca, 19s26, em 2011.

- Você pode ser o homem mais rápido em linha reta e perder se você fizer a curva de forma errada. Eu pratiquei muito. Para mim, os 200m são sempre o evento mais importante, mesmo que os fãs pensem sempre nos 100m - afirmou.

As disputas dos 100m rasos começam em 4 de agosto e a final ocorre no dia seguinte. Os 200m serão disputados entre os dias 7 e 9 de agosto. Bolt compete ainda no revezamento 4x100m, com início marcado para 10 de agosto e final para o dia seguinte. As provas de atletismo serão realizadas no Estádio Olímpico.

Fonte: Globo Esporte

RACISMO NO BRASIL: Pelo menos 70% dos casos de racismo acontecem nas escolas


Por Joana Soarez
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Casos de preconceito racial como o que aconteceu com a pequena D., de 4 anos, que foi ofendida pela avó de um garoto branco por ser negra, em uma escola particular de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, é mais comum no ambiente escolar do que se possa imaginar. Levantamento da Organização Não Governamental (ONG) SOS Racismo, de Belo Horizonte, apontou que 70% das denúncias que chegaram ao conhecimento da entidade aconteceram em escolas públicas ou privadas.
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A ONG, no entanto, reconhece que por trás das 112 notificações recebidas ao longo de seus 12 anos de existência, existem muitos casos que nem chegam a ser apurados por falta de denúncias das vítimas e também pela dificuldade que muitas pessoas têm de provar que foram alvo de preconceito. Pelo menos 30% dos casos de discriminação racial ocorrem nos ambientes de trabalho, aponta a SOS Racismo. Outro dado que preocupa é o baixíssimo índice de punição dos agressores. Em apenas 20% dos casos, os responsáveis receberam algum tipo de condenação. "O mais difícil é provar o racismo e encontrar alguém que aceite testemunhar porque as pessoas se sentem pressionadas ou intimidadas", explicou José Antônio Carlos Pimenta, presidente da ONG.
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Nas unidades policiais do Estado, segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), até junho deste ano, foram registrados 129 casos de preconceito por raça ou cor. O número de ocorrências já é maior que igual período do ano passado, quando 118 pessoas registraram queixas de racismo. A Coordenadoria Estadual de Políticas Pró-Igualdade Racial (Cepir) não tem levantamento específico sobre casos de racismo em escolas do Estado.
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No caso mais recente, ocorrido no último dia 10, a menina teria sido chamada de "preta horrorosa", na frente dos colegas, pela avó de um aluno. A agressora não teria concordado com o fato de o neto ter formado par com uma garota negra na festa junina da escola. A denúncia foi feita pela professora Denise Cristina Aragão, 34, que pediu demissão do emprego por não concordar com a postura da direção do colégio, que teria se omitido em relação ao episódio. Os pais da menina registraram ocorrência. O delegado Juarez Gomes informou que todos os envolvidos foram intimados e irão começar a prestar depoimento a partir de segunda-feira. O inquérito deve ser concluído no fim da semana que vem. Ontem, a mãe de D., Fátima Adriana de Souza, 41, passou mal e foi levada a um hospital. "Ela ainda está muito abalada com tudo isso e ansiosa para que se faça justiça com a nossa filha", disse o pai da menina, Aílton César de Souza, 38. A SOS Racismo atende vítimas de qualquer tipo de discriminação e presta assistências jurídica e psicológica às vítimas através de um convênio com a PUC Minas.
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Lei Igualdade racial é conteúdo escolar
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De acordo com a Lei 10.639/03, o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira deve ser incluído no currículo escolar na educação básica. Porém, segundo o coordenador estadual de Políticas Pró-Igualdade Racial (Cepir), Clever Machado, o conteúdo ainda é poucoaplicado. Para ele, a valorização da diversidade deve ser trabalhada na escola desde a infância. Machado confirmou serem comuns os casos de racismo no ambiente escolar. "Estamos capacitando os professores da rede pública de ensino para abordar o tema. Não temos conhecimento das unidades privadas, mas precisamos que elas se envolvam nessa temática". O coordenador afirmou que será marcada uma reunião com as secretarias municipais e estadual de Educação para avaliar o episódio e discutir uma forma de exigir a aplicação do conteúdo no projeto pedagógico de colégios particulares. A Secretaria Municipal de Educação (SMED) criou em 2004 o Núcleo de Relações Étnico-Raciais e de Gênero que atua na formação de professores. (JS)
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Fonte: O Tempo (MG)