TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

VIVA MANDELA! Incrível escultura representando Nelson Mandela

Incrível escultura representando Nelson Mandela
Consiste em 50 placas de aço com 10 metros de altura, cortadas a laser e inseridas na paisagem, representando o 50.º aniversário da captura e prisão de Nelson Mandela, em 6 de agosto de 1962, no próprio local onde tal sucedeu, e que lhe custaria 27 longos anos de cárcere.
Num ângulo específico de observação, a visão em perspetiva das colunas surpreende ao assumir a imagem de Nelson Mandela. O escultor é Marco Cianfanelli, de Joanesburgo, que estudou belas-artes em Wits.



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sábado, 26 de janeiro de 2013

RACISMO NO BRASIL: "Preconceito Racial Não É Mal-Entendido"

preconceito
A Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) parabeniza a iniciativa do casal Ronald Munk e Priscilla Celeste pela realização da campanha "Preconceito Racial Não É Mal-Entendido" nas redes sociais.
Como é de conhecimento público, no sábado - dia 12 deste mês, o referido casal foi a uma concessionária no Rio de Janeiro, onde seu filho, uma criança de sete anos de idade, foi vítima de racismo.
Diversas crianças negras e suas famílias são discriminadas cotidianamente. Neste episódio, a indignação motivou uma campanha extremamente legítima e necessária.
Preconceito racial não é mal-entendido, não é brincadeira, é crime e impacta na vida e na morte de milhares de jovens negros, no acesso a bens e serviços, em toda a sociabilidade de cidadãos e cidadãs negros e negras.
Fonte: SEPPIR

RACISMO NO BRASIL: Maternidade é acusada de racismo após texto sobre alisamento

maternindade santa joana racismo
Uma maternidade de São Paulo é acusada de racismo por comunidades negras por conta de um texto publicado em seu blog a respeito do alisamento de cabelo entre crianças. Sob o título "Minha filha tem o cabelo muito crespo. A partir de qual idade posso alisá-lo?", o texto do Hospital e Maternidade Santa Joana abordava o que fazer em relação às "muitas crianças (que) nascem com os cabelos crespos ou rebeldes demais". Segundo o texto, muitas mães recorrem ao alisamento "para deixarem as crianças mais bonitas", sugerindo que não se use formol de jeito nenhum e que "há opções de escovas que podem ser feitas nas meninas de pouca idade sem causar danos". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

"É a forma sutil com que o racismo aparece, não nas intenções, mas na prática", afirmou o advogado Sílvio Luiz de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama, que atua na defesa de negros, minorias e direitos humanos. "É não reconhecer uma característica que é natural dos afrodescendentes, considerando o cabelo como algo indesejado, inferior. Eles podem até dizer que só estão respondendo a uma pergunta, mas estão reproduzindo práticas racistas", criticou. Um casal negro desistiu de ter o filho na maternidade por conta do texto. Ederson Manoel e Daiana Alencar da Silva, grávida de seis meses, haviam visitado o Santa Joana para avaliar a possibilidade de ela dar à luz no local. Por algum motivo, o nome dele foi marcado no post "Cabelinho crespo! Incentivar ou alisar?" que o hospital publicou no Facebook. "Fiquei completamente incomodado com isso. O que eles estão dizendo é: 'Tenha vergonha do seu cabelo crespo'", queixou-se Manoel. Em nota, o hospital disse que "não foi de sua intenção ofender qualquer pessoa" e que o texto tinha finalidade "puramente informativa, com o intuito de orientar as mães no que diz respeito à utilização de produtos químicos em crianças, de acordo com as normas da Anvisa".

Fonte: Terra

Sociedade brasileira é 'racista', afirma futuro presidente negro do TST

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Primeiro negro eleito para presidir o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro Carlos Alberto Reis de Paula qualifica a sociedade brasileira como "racista e discriminatória".

"É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural", disse em entrevista ao G1.
Reis de Paula assumirá o comando da Justiça trabalhista no próximo dia 5 de março, em um momento em que, também pela primeira vez, outro negro, Joaquim Barbosa, chefia a mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF).

Aos 68 anos – ele completa 69 anos em 26 de fevereiro –, o magistrado eleito por unanimidade para a presidência do TST revela que já foi alvo de racismo ao longo da vida, mas nunca foi discriminado no Judiciário. "Isso acontece, isso é o Brasil", disse.
O ministro se diz um defensor das políticas de cotas para o ingresso de negros nas universidades federais. Ele, no entanto, ressalta que é contra a implantação do sistema para o acesso ao serviço público. "O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social", avalia.
Natural de Pedro Leopoldo (MG), município da regi ão metropolitana de Belo Horizonte, Reis de Paula foi o primeiro negro a ser indicado para um tribunal superior do país (o TST), em 1998. Mestre e doutor em direito constitucional pela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), ele ingressou na magistratura, em 1979, como juiz do trabalho da 3ª Região (MG).
Casado pela segunda vez, Reis de Paula tem três filhas e cinco netos e é torcedor fanático do América mineiro. Atualmente, concilia as atribuições no tribunal trabalhista com o mandato de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro, porém, diz que deixará a vaga no CNJ assim que assumir a presidência do TST.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
G1 – Há um simbolismo no fato de um negro assumir pela primeira vez o comando do Tribunal Superior do Trabalho no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal também é presidido por um magistrado negro?
Carlos Alberto Reis de Paula – É uma coincidência da história, mas é lógico que é um fato simbólico. Só se as pessoas não quiserem ler os fatos. Posso fazer várias leituras. Primeiro, posso olhar para os negros e dizer: é possível chegar lá à custa de trabalho individual, muito empenho e dedicação. Sempre que vou a algum lugar elegante, fico pensando: o negro é exceção. Quantos empresários negros existem no Brasil? Quantos homens de dinheiro e poder existem no país?


G1 – O sr. acredita que os negros estão conseguindo conquistar mais espaço?
Reis de Paula – O Brasil ainda não teve um presidente da República negro. Tenho quase certeza de que vão cobrar muito mais do Joaquim [Barbosa, presidente do Supremo] e de mim do que dos outros. Terão muito menos benevolência nas críticas conosco. Não me assusto com isso. Vou viver minha vida com normalidade. Não quero fazer nada de extraordinário. Quero apenas fazer as coisas ordinárias de forma extraordinária.

G1 – O sr. já foi alvo de racismo?
Reis de Paula – Na minha carreira, não, mas na minha vida, sim. Isso acontece, isso é o Brasil. Mas aí você ascende ao cargo de ministro e ninguém mais o discrimina. Mas eu já fui sujeito de racismo.

G1 – Apesar da ascensão de negros a cargos importantes na estrutura da República, a sociedade brasileira ainda é racista?
Reis de Paula – É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural. E o pior é que a sociedade não toma consciência porque isso está no seu subconsciente. A sociedade é racista. O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores.

G1 – Mesmo defensor das cotas raciais para acesso ao ensino superior, o sr. é contra as cotas para ingresso no serviço público. Por quê?
Reis de Paula – Sustento que devemos habilitar todos, sobretudo os negros, para que possam entrar na universidade, se qualificar e concorrer em igualdade com os outros. Mas essa visão não é apenas para negros, e sim para todos os que são discriminados. Pode ser também para índios e portadores de deficiências físicas. A partir do momento em que eu busco isso, não preciso mais reservar cotas. Não posso admitir cota para magistrado, por exemplo. A meu ver, essa é uma visão simplista. O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social, é uma forma de reparar, mas não fazendo doações.

carlosalberto
G1 – Empresários reclamam do suposto excesso de benefícios dos trabalhadores brasileiros. Segundo eles, esses direitos encarecem a mão de obra e, consequentemente, os produtos fabricados no país. Na sua avaliação, há exageros nas leis trabalhistas no Brasil?
Reis de Paula – Há um exagero na leitura dos fatos. Em cima do salário dos empregados, há várias incidências de tributos postas pelo governo. O empregado é que sai caro ou o governo é que faz o empregado sair caro? A primeira pergunta que temos de responder é essa. Um empregado brasileiro não é mais caro do que um empregado estrangeiro. O estrangeiro custa muito mais caro em poder de compra. Eu não trabalho com valores nominais. Quero saber é o que ele [empregado] compra com um salário mínimo de R$ 678. Esse é o raciocínio.

G1 – Durante seu mandato, a presidente Dilma Rousseff implementou políticas pontuais de desoneração da folha de pagamentos, que beneficiaram cerca de 40 segmentos da economia. Na sua avaliação, o governo federal deveria promover uma desoneração mais ampla nos encargos trabalhistas para estimular a economia?
Reis de Paula – Não sou eu que vou pensar sobre administração macroeconômica. Todas essas alterações tiveram uma conotação econômica, não foi trabalhista. Acho que as questões trabalhistas teriam de ser analisadas em primeiro lugar pelos governos. Essas questões pontuais resolvem conjuntura, não resolvem estrutura.

G1 – Justiça do Trabalho, Ministério Público e governo federal deveriam trabalhar articulados para tentar erradicar os trabalhos escravo e infantil?
Reis de Paula – Esse é um dos vexames do país. O índice [de trabalho escravo e infantil] reduziu por causa da influência da OIT [Organização Internacional do Trabalho], mas o patamar ainda é alto. Não sou eu quem fala. Consulte o Ministério do Trabalho. A OIT trabalha com um termo que eu considero muito digno, que é o de "trabalho decente". Esse termo envolve não só a segurança no trabalho, mas também o trabalho valorizado, devidamente remunerado, e em condições dignas e humanas, o que afasta o trabalho escravo e infantil. Devemos despertar a nossa consciência.

G1 – O sr. é a favor da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais sem diminuição de salário, bandeira histórica do movimento sindical?
Reis de Paula – Os sindicatos fazem muito charme com isso [a redução da jornada de trabalho], mas acho difícil passar no Congresso. Pergunto: 44 horas semanais é uma jornada de trabalho pesada? São discursos, temas de passeata de rua. Não está nesse ponto a solução das questões trabalhistas, isso eu lhe garanto categoricamente. Acho razoável a jornada de 44 horas semanais. Eu, por exemplo, trabalho muito mais do que isso.

G1 – O sr. pretende tomar alguma medida para acelerar a tramitação dos processos na Justiça trabalhista?
Reis de Paula – No Poder Judiciário, trabalhamos em cima de leis que não foram feitas por nós. Não sou legislador, não posso fazer nada contra a lei. Posso interpretá-la, de forma criativa, mas respeitando-a. Aí você me pergunta: demora? Demora. E por que demora? Porque a lei permite que demore. Eu sempre questiono: a quem interessa uma Justiça rápida no Brasil? Aos que não têm voz, costumo responder.

G1 – O sr. defende a regulamentação do direito de greve no serviço público?
Reis de Paula – A Constituição é de 5 de outubro de 1988. Ela já tem 24 anos. Direito de greve, para mim, decorre do trabalho. Vira e mexe, dizem: vamos regulamentar. Mas não passam de mobilizações. A vantagem de um direito sem regulamentação é que você faz o que quer. O problema é esse. A forma de descumprir a Constituição é se omitir.

G1 – Há carreiras públicas que estão extrapolando o direito de greve?
Reis de Paula – Os professores, por exemplo, têm direito de fazer greve, mas depois têm de compensar as aulas que não foram dadas. Por outro lado, o servidor público entra em greve e não compensa. Me conte um dia no Brasil que o Executivo tenha cortado o ponto de algum grevista ou servidor público.

G1 – O senhor vê restrições no meio jurídico aos magistrados da Justiça do Trabalho?
Reis de Paula – Quando eu estava na Faculdade de Direito da UFMG, dizia-se que a Justiça do Trabalho era uma justiça menor, de balcão de negócios. A verdade é que há maus olhares para a Justiça do Trabalho. O problema é que a Justiça do Trabalho não é conhecida. A sociedade não valoriza o trabalho. Se valorizasse, a Justiça do Trabalho seria extremamente valorizada no país. É um problema cultural.

 Fonte: G1

O FUTEBOL: Histórica liga de futebol formada por negros vai virar filme

canelas pretas
O fato de Antonio Carlos Textor estar com um novo curta-metragem pronto é importante, por ser ele um nome de enorme referência do cinema gaúcho. Mas, em meio à divulgação do documentário A Liga dos Canelas Pretas, um inventário histórico sobre a presença do negro na sociedade gaúcha, Textor, 80 anos, avisa: não desistiu de realizar seu primeiro longa-metragem.
Textor é padrinho afetivo da geração de cineastas gaúchos que despontou nos 1980 com os curtas realizados na bitola Super-8. Reverência devida por ser ele, nos filmes que realizou nas décadas de 1960 e 1970, um pioneiro no registro de uma Porto Alegre urbana, quando à época imperavam na cinematografia gaúcha as produções regionalistas. E tanto na ficção, com o tom ensaístico da crônica audiovisual contemporânea, quanto no documentário histórico, pautado pelo rigor da pesquisa, Textor imprimiu uma marca autoral em mais de 20 filmes. E sempre lhe cobraram um longa-metragem.
– Estive por três vezes para realizar um, mas sempre fui desviado dele ou por falta de recursos ou por outras atividades – explica Textor. – Por um tempo, fui morar em São Paulo, administrei a farmácia da família e depois comecei a trabalhar com produção de eventos. Mas agora tenho um roteiro pronto e aprovação para captação de financiamento pela Lei Rouanet. Vou começar a correr atrás de dinheiro para viabilizar o filme.
Chama-se Um Vago Rumor de Vida esse projeto de longa, resumido pelo realizador como “uma crônica urbana que intercruza um grupo de personagens no centro da Capital”.
Mas, antes, Textor quer promover A Liga dos Canelas Pretas, curta no qual ele tira o véu de um fato histórico pouco conhecido. Em 1910, um grupo de negros criou a Liga Nacional de Futebol Porto-Alegrense, no embalo da fundação de Grêmio (1903) e Internacional (1909), clubes então restritos a atletas brancos. A iniciativa, no clima do grande preconceito racial daquele período, foi jocosamente apelidada como Liga dos Canelas Pretas – em 1926, Dorval, revelado na liga, rompeu a barreira e tornou-se o primeiro craque negro do Inter.
– Os registros oficiais da liga se perderam na enchente de 1941 – explica Textor. – Essa história foi praticamente ignorada pela imprensa e sobreviveu na memória oral da comunidade negra e em raríssimas fotografias. Muita gente, inclusive entidades ligadas ao movimento negro, desconhece esse episódio.
A Liga dos Canelas Pretas, porém, não trata apenas desse peculiar episódio. Relembra ainda, com depoimentos de historiadores, antropólogos e personalidades da cultura local, o processo de inserção social e cultural da população negra, que, naquele começo de século 20, vivia em guetos como a Ilhota, a Colônia Africana e o Areal da Baronesa. Textor prepara o lançamento oficial do curta, com 36 minutos de duração, “para breve”, com uma sessão especial em sala de cinema:
– Depois, vai circular em escolas, entidades sociais e cinematecas. Esse é o destino dele.
Prolífico, Textor tem na fila ainda mais quatro curtas: uma trilogia que adapta contos de Lendas do Sul, de Simões Lopes Neto, e outro sobre Guido Mondin, destacando o lado artista do político gaúcho que também foi um reconhecido pintor.
 Fonte: Zero Horas

RACISMO NO BRASIL: Denúncia de racismo em loja da BMW tem repercussão internacional

RACISMO CONCESSIONÁRIA
A denúncia do casal Ronald Munk e Priscilla Celeste que acusa um funcionário da concessionária BMW de racismo contra o filho negro de apenas sete anos ganhou repercussão internacional. A revista Forbes, uma das mais famosas dos Estados Unidos, publicou em seu site na quarta-feira (24) uma matéria sobre o suposto caso de racismo. Os pais adotivos da vítima criaram uma página no Facebook para denunciar o episódio, que, segundo eles, ocorreu no último dia 12 de janeiro em uma loja na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
Na rede social, Priscilla relata que o vendedor expulsou o menino, que foi adotado pelo casal, sem saber que o garoto era filho do casal. De acordo com a professora, o funcionário ainda se justificou ao marido dela dizendo "eles pedem dinheiro e incomodam os clientes".
— Estávamos conversando com ele [o vendedor], quando nosso filho se aproximou de nós. O gerente voltou-se imediatamente para ele e, sem pestanejar, mandou que ele se retirasse da loja, dizendo que ali não era lugar para ele: "você não pode ficar aqui dentro. Aqui não é lugar para você. Saia da loja." Nosso filho ficou olhando para ele, sem compreender o que estava acontecendo.
Indignados, Priscila e Ronald enviaram um e-mail à concessionária para relatar o ocorrido. No texto, eles incluíram a transcrição da Lei Federal 7.716, que regulamenta os crimes de discriminação e preconceito racial. No entanto, segundo Priscilla, o pedido de desculpas só veio uma semana depois.
— Somente uma semana depois do ocorrido recebemos um e-mail do dono da concessionária, desculpando-se, qualificando a atitude de seu gerente como "mal-entendido" e justificando-a como reação natural de um funcionário que vê um menor desacompanhado em sua loja.
A resposta da concessionária revoltou o casal. Por isso, eles criaram a comunidade "Preconceito racial não é mal-entendido" no Facebook. Até as 15h30 desta quarta-feira (23), mais de quase 12 mil internautas haviam "curtido" a página no site de relacionamentos.
— O fato de o gerente de vendas não ter percebido que o menino era nosso filho e sua conclusão imediata de que um menino negro, aparentemente sozinho, dentro de uma concessionária BMW, seria um menor desacompanhado e sua atitude de colocá-lo para fora da loja não constituem, em hipótese alguma, um mal-entendido. Trata-se de preconceito de raça, sem qualquer possibilidade de outra interpretação.

Forbes - White Couple's Black Child Kicked Out Of BMW Dealership In Brazil 


The adopted black child of a white Brazilian couple was kicked out of a BMW dealership in Rio de Janeiro, Globo’s G1 reported Wednesday.
The couple, Ronald Munk and Priscilla Celeste, were looking for a new beamer when a salesman saw the child wandering around nearby and asked the child to leave.  The news sent mild shockwaves in the Brazilian press as the country still struggles with rampaging racial inequality.
The salesman told the couple, according to Priscilla’s account with G1: “You can’t stay in here. This isn’t a place for you. You have to leave.” The salesman then told Priscilla that poor children often come into the car lot asking for money. When they told him that the boy was their son, his “mouth fell open in embarrassment,” the couple said.
BMW Group in Brazil sent a note to the couple saying they were sorry for the mishap. Seven days later, the BMW dealership where the couple was shopping for a new car sent an email apologizing, calling it a misunderstanding. For her part, Priscilla created an account on Facebook called “Prejudice is Not a Misunderstanding. It’s a Crime.”
Ronald told G1 that nothing like this has happened before with his 7 year old son. The boy asked why he was asked to leave, “when the store has a room with a TV playing cartoons for children,” G1 reported.  Priscilla said that she thinks her son understood why he was kicked out of the dealership.
Fonte: R7

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

“Negras e Negros Inventores, Cientistas e Pioneiros: Contribuições para o desenvolvimento da Humanidade”, de Carlos Machado, será lançado em março

McDonalds-1995Por Carlos Machado*

Quando se pensa em inventores e cientistas, imaginamos automaticamente a figura de um homem branco e idoso, ou às vezes de uma mulher branca, ou raramente de um descendente de asiático vestidos com um avental branco. Esta imagem é amplamente divulgada nos meios de comunicação diuturnamente por décadas e mais décadas. Mas nem passa pelo imaginário da maioria das pessoas, que mulheres e homens negros fazem e fizeram inovações nos mais diversos campos do conhecimento humano. É como se negros não fossem dotados de inteligência e capacidade de criar, a não ser nas áreas muito divulgadas como nos esportes (futebol e basquete) e nas artes (artes cênicas, ritmos musicais e moda).
A imagem [acima] é do McDonalds dos Estados Unidos. Tive contato com esta publicidade na revista Ebony de fevereiro de 1996. Qual não foi o meu espanto em saber destas informações aos 25 anos de idade? Por que eu não soube destas invenções na escola? Por que me negaram estas informações? Por que no Brasil não havia um só livro escrito sobre este tema: negros e ciência? Foram estas inquietações que me fizeram pesquisar e publicar este livro: Negras e Negros Inventores, Cientistas e Pioneiros – Contribuições para o Desenvolvimento da Humanidade, publicado pela EDUEL (Editora da Universidade de Londrina, em parceria com a Uniafro do Ministério da Educação).
Negras-e-Negros-Inventores
Escrevi este livro em 2005 e depois de sete anos ele é lançado. Apresentei o tema para diversas editoras importantes que me negaram publicação e que disseram que não haveria interesse pelo tema fora do movimento negro...
Este livro vem apresentar inventores, inventoras, cientistas africanos e de toda a diáspora, para demonstrar que negros e negras de diversos países do presente e do passado contribuíram e têm contribuído com seus intelectos para as mais importantes criações e aperfeiçoamentos da nossa época e têm realizado feitos significativos para a humanidade na área de ciência e tecnologia.
São inventores e cientistas presentes nos mais prestigiados laboratórios do mundo, compondo o quadro de universidades, institutos, companhias de alta tecnologia e agências governamentais, ainda anônimos para a maioria da população brasileira, que foram e são pessoas desbravadoras, ousadas e pioneiras.
Minha intenção é de apresentar esta parcela de inventores e cientistas que pensaram e criaram de um simples esfregão até uma sonda ultravioleta para a indústria aeroespacial. Na esperança de promover uma memória positiva e destacando as conquistas dos povos negros no mundo científico para todos, desfazendo preconceitos e discriminações seculares, estimular e aumentar o número de jovens pesquisadores qualificados, mulheres e homens negros fazendo carreira nas ciências no Brasil. Não há crescimento econômico sustentável sem saber mais, saber fazer melhor, criar e inovar mais, sem mais cultura científica e sem democracia e diversidade racial nas instituições.
A diversidade é um dos fatores responsáveis pelo extraordinário progresso material e cultural da humanidade e não deve ser desperdiçada como têm ocorrido com a prática institucional das desigualdades. Temos mentes curiosas, com vontade de inovar e criar o novo. Temos muito que contribuir para o progresso da humanidade na busca de maior desenvolvimento científico que gere maior bem-estar para todos e todas.
Meu propósito é que com estes exemplos sejamos desafiados a sonhar, e que este desejo nos eleve aos níveis de competência e de produtividade dos países mais desenvolvidos. Que nós os cidadãos nos organizemos e pressionemos o Estado para que ofereça programas necessários para produzir uma força de trabalho tecnologicamente avançada, etnicamente tolerante e diversa.
O progresso científico nos garante uma cultura de pensamento crítico e livre, de inovação, de avaliação e de qualidade. Deverá crescer a produtividade científica internacionalmente reconhecida, como é imperativo que se multipliquem as patentes registradas, a capacidade de transferência de saber para o tecido econômico e a relevância das contribuições para o sucesso das outras políticas públicas. Incluir, permanecer, estudar mais, saber mais, saber fazer melhor.
Como diz o neurocirurgião afroestadunidense Benjamim Carson "Pense grande".

Cientista e Inventores Negros

Alguma vez um negro inventou alguma coisa?


* Carlos Eduardo Dias Machado é Mestre em História pela USP, com a dissertação População negra e escolarização na cidade de São Paulo nas décadas de 1920 e 1930 (http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-03022010-174218/pt-br.php) e autor do livro: Negras e negros inventores, cientistas e pioneiros (EDUEL).
 

"Cem Anos Sem Chibata" Documentário mostra a revolta que pois fim ao uso da chibata pela Marinha de Guerra antiga

cem anos sem chibata
por Marcos Manhăes Marins
Em Dezembro de 1912, o líder da Revolta que acabou com a Chibata na Marinha de Guerra, João Cândido, foi solto da Ilha das Cobras, absolvido pelo CONSELHO DE GUERRA. Ficou 2 anos preso injustamente portanto. Estavam anistiados pelo Governo os marinheiros de 1910 e foram presos, torturados, mortos, ou no mínimo expulsos. 
Na novela Lado a Lado, Camila Pitanga está linda, a fotografia e a  direção de arte, impecáveis, mas ali só se mencionou a Revolta da Chibata, assim como se mencionou a Revolta da Vacina: de passagem.
Sequer mostrou o líder maior da revolta, João Cândido, que foi apenas citado em conversas do personagem "Zé Maria" do astro Lázaro Ramos (ótimo ator) com seu colega de capoeira. Por isso, continua sendo MUITO NECESSÁRIO o projeto do longa CHIBATA, que está aprovado na ANCINE e estamos tentando viabilizar para 2013.
A novela Lado a Lado não esclareceu muita coisa. Não mostrou o  líder da revolta, João Cândido, imagine só. O personagem "Zé Maria"  do astro Lázaro Ramos apenas menciona um tal marinheiro João Cândido que estaria num outro navio. A Globo não mostrou nem quem foi, nem de onde surgiu o líder maior da revolta, o comandante da esquadra rebelde com 4 dos maiores navios do mundo, tripulados com 2.379 marinheiros. 
Não mostrou que a CAUSA de existir chibata na Marinha era manter a diferença social enorme entre oficiais e marinheiros. Era ter 90%  dos marinheiros negros e pobres, enquanto 100% dos oficiais eram brancos e ricos, fazendeiros ou ex-nobres. Em 1910, 22 anos após  o fim da Abolição, 21 anos após o decreto presidencial número 3  da república, proibindo castigos corporais nas forças armadas,  a orientação dos Almirantes era chicotear os servidores públicos, militares defensores da pátria, do nosso Brasil, no litoral e  no exterior. Almirantes todos velhos de 80 anos ou mais, que tinham vivido suas vidas inteiras mandando chicotear escravos  em suas fazendas e acreditavam que era o jeito certo de tratar os trabalhadores da terra e do mar. Nem a Globo mostrou as  CONSEQUÊNCIAS da Revolta. Não mostrou que a chibata acabou não  pela bondade do governo ou da Marinha, muito pelo contrário.
A chibata acabou, não existiu após 1910, mas pelo derramamento  desnecessário de sangue dos marinheiros revoltosos, por pura
vingança dos oficiais que se sentiram ofendidos com a audácia  dos marinheiros negros. Dos 2379 marinheiros revoltosos, que
comandaram sozinhos os 4 navios, com 100 canhões apontados  para a cidade do Rio de Janeiro, então capital do país (imagine se a Marinha iria perdoar algum dia isso?), o Governo, a Marinha, o Exército com a aprovação do Senado (aprovou o estado de sítio,
com apenas o voto contrário de Rui Barbosa, que também não era  santo, mas era contra tudo o que o presidente Hermes quisesse, pois tinha perdido as eleições para ele), comandaram uma matança  que até hoje ainda não foi totalmente revelada.
Fontes informam  que cerca de 200 marinheiros foram mortos em dependências do Estado Nacional, já rendidos, presos em celas na Ilha das Cobras, amarrados no navio cargueiro Satélite que os deportavam, nos porões dos quartéis e nas ruas, além dos que foram arremessadosdoentes nos seringais do Acre. 
UMA COISA é contabilizar 6 marinheiros e 6 oficiais que morreram em situação de combate, durante a revolta de novembro e dias seguintes.
No navio Minas Gerais, 3 oficiais e 4 marinheiros. No Navio Bahia, um oficial e um marinheiro. No São Paulo, um oficial. No cruzador
Rio Grande do Sul, dias após a anistia, um oficial e um marinheiro.
OUTRA bem diferente é a covardia de assassinar homens encurralados.
Foram duzentos marinheiros mortos, já presos, rendidos, amarrados, e  2000 expulsos, eliminando o contingente de marinheiros ex-rebelados  e anistiados por um decreto presidencial aprovado pela Câmara e pelo  Senado Federal em  novembro. Uma traição sem igual. Isso não foi  mostrado, MAS também acredito não era o objetivo. Por isso é que precisamos filmar O NOSSO LONGA METRAGEM reconstituindo a saga  do marinheiro João Cândido Felisberto e sua participação como  organizador e comandante da esquadra da Revolta da Chibata em  1910. O nome deste longa-metragem é CHIBATA(A Vida de João Cândido) e tem tentado se viabilizar desde 2006, quando seu roteiro foi  registrado na Biblioteca Nacional. Acompanhem o projeto.http://chibata.com.br/frente2.html
O EPISÓDIO HISTÓRICO não foi uma coisa menor como pode ter ficado parecendo. Ele foi notícia no THE NEW YORK TIMES, no LE MONDE, no LE FIGARO, em todos os jornais do mundo em 1910. Não ocorreu de improviso, mas foi preparado por 2 anos, inclusive durante a construção dos novos navios, em estaleiros e hotéis da Inglaterra.
NÃO PRECISAMOS de uma super-produção, mas de um filme que conte a melhor verdade, com coragem de rechaçar a versão corrente que a Ditadura comprou da Marinha, e através de livros censurados, as escolas nos vendem, de que num belo dia, um marujo tomou 250 chibatadas e os marinheiros se indignaram e atacaram os oficiais.
Ou de que foi obra de alguns poucos maus oficiais. Não, a ordem era geral, e os oficiais despreparados eram a MAIORIA, isso é dito pelos almirantes entrevistados no documentário CEM ANOS SEM CHIBATA.
Se tivesse sido algo ocorrido no calor da indignação momentânea, não se teria conseguido adesão de milhares de marinheiros e de 6 navios que depois concentraram os marinheiros nos 4 maiores. Não teriam conseguido se manter tantos dias, alimentados, e sem ser atacados por terra. Tinham tudo planejado. Isto está comprovado.
E a Revolta não foi só drama e tristeza. Durante os 4 dias em que os marujos estavam no poder absoluto, dançaram maxixe, cantaram, tocaram, só não beberam, porque era uma determinação dos líderes.
NÃO PRECISAMOS de um João Cândido super-herói coberto de GLICERINA para virar um negro fantástico, brilhante, um personagem falsamente sem defeitos ou fraquezas, mas de um homem real, de carne e osso.
E alma. João Cândido teve dúvidas como todos nós. Depois da Revolta no desespero de recuperar trabalho, deixou-se encantar pela promessa dos oficiais da Marinha que se filiaram  ao Partido Integralista, o único partido que aceitava mulheres e negros em seus quadros. Se encantou como se encantou DOM HÉLDER CÂMARA e ABDIAS NASCIMENTO(!).
Não precisamos forjar um falso líder de esquerda, só trazer o homem de coragem que, tal como o Ministro Joaquim Barbosa, se expõe/luta, mas comete erros, como  todo ser humano. Não é necessário glamour.
Precisamos de um SUPERDRAMA de baixo orçamento, condizente com o Brasil. Criatividade e simplicidade. Coragem e Verdade.
O DOCUMENTÁRIO é um chamamento e uma preparação para o LONGA.
Desde 1997, a equipe do projeto desenvolve uma intensa pesquisa.Antonio Pitanga será João Cândido depondo no MIS em 1968.
Na equipe do curta que confirmou fazer o longa: Jorge Monclar, que fez a fotografia de GARRINCHA e Alvarina Souza e Silva, que fez a produção executiva de QUEM MATOU PIXOTE, do José Joffily.
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SEXTA-FEIRA 21 DE DEZEMBRO, horário de Brasília: 22h
(horário ideal pra ver de EUA/Canadá onde será 16-19h)
Em LOS ANGELES, 16h. Em NOVA IORQUE, 19h. No Peru:18h!
DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO, horário de Brasília: 11h
(horário ideal para quem está na Europa/África/Ásia)
Em BERLIM, PARIS, MADRI, BRUXELAS, 14h. Em PEQUIM:21h 
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Faixa da programação TV BRASIL Int.: ESPECIAL BRASIL

"Cem Anos Sem Chibata"
Documentário mostra a revolta que pois fim ao uso da chibata pela Marinha de Guerra antiga.
Cem Anos Sem Chibata
A Revolta da Chibata é lembrada no documentário Cem Anos Sem Chibata,
dirigido por Marcos Manhães Marins, e com a participação de historiadores
brasileiros e estrangeiros, parentes de João Cândido, líderes de movimentos
sociais, marinheiros, almirantes, e do ator Antnio Pitanga.
O documentário de média duração, 52 minutos, contém trechos do único
registro de voz de João Cândido, "depoimento para posteridade", dado em
entrevista a Ricardo Cravo Albin, no Museu da Imagem e do Som, em 1968. Cem
Anos Sem Chibata confronta a história oficial com a historiografia acadêmica
e a tradição oral, para revelar melhor as causas e consequências da revolta
que acabou com a chibata pela Marinha de Guerra antiga.
A revolta aconteceu em 1910, na Marinha do Brasil. Naquela época,
recorria-se ao recrutamento forçado para a população mais pobre. Além disso,
parte do contingente de marinheiros vinha das delegacias e outra de escolas
de aprendizes, reunindo nos navios jovens com formações distintas. Com base
nesta justificativa, os almirantes da época, senhores idosos, brancos e
ricos, que tinham aplicado chibata nos escravos de suas fazendas por
décadas, continuavam recomendando aos oficiais os castigos físicos nos
praças (marinheiros, cabos e sargentos), em sua absoluta maioria negros. Os
motivos iam de desvios de conduta graves a atos de indisciplina banais, e
assim a Marinha, 22 anos após a Abolição, desrespeitava o decreto
presidencial número 3 de 1889 que havia proibido os castigos nas Forças
Armadas da república.
Na história da Marinha de Guerra, não eram incomuns os casos de açoitamento
com 500 chibatadas ou mais. Aproximando-se de 1910, o ano em que chegariam
ao Brasil os mais potentes navios do mundo encomendados pelo Brasil à
Inglaterra, acirravam-se os descontentamentos com as condições desumanas de
trabalho, e consequentemente aumentavam as punições. Era também comum a
obrigatoriedade dos demais marinheiros assistirem ao castigo perfilados no
convés, o que aumentava a indignação e o desejo dos marinheiros de colocarem
um fim naquela situação. Tentaram pedir diretamente ao presidente da
República o fim da Chibata. Tentaram a imprensa, mas não foram ouvidos.
Iriam fazer uma demonstração de força no dia 25 de Novembro de 1910, a data
estava marcada.
Entretanto, a condenação de Marcelino Rodrigues a 250 chibatadas em frente
de toda a tripulação, em 21 de Novembro, antecipou para a noite de 22 de
novembro a rebelião. Eles tomaram primeiro o controle do navio Encouraçado
Minas Gerais. Dos demais navios preparados para aderirem à ação planejada
nos meses anteriores, três o fizeram: o Encouraçado São Paulo, o Cruzador
Bahia (ambos chegados ao Brasil em 1910, recém-fabricados na Inglaterra
juntos com o Minas Gerais) e o ainda firme Encouraçado Deodoro. O líder da
revolta, que comandou a Esquadra Revoltada, tripulada somente por praças,
foi o marinheiro João Cândido.
O comandante do Minas Gerais, junto com outros dois oficiais, acabou sendo
morto, e o conflito ganhou dimensões de luta armada, ocorrendo morte também
do lado dos marinheiros e de mais dois oficiais nos navios São Paulo e
Bahia. Por iniciativa do senador Rui Barbosa, o então presidente Hermes da
Fonseca aprovou uma proposta que atendia os marinheiros e ainda lhes
concedia anistia, ou seja, eles não seriam presos.
O presidente da República ficou sem saída, uma vez que os navios estavam
ancorados na Baía de Guanabara, com canhões apontados diretamente para o
centro da cidade do Rio de Janeiro, então capital do país. Dessa forma, os
revoltosos depuseram armas e se entregaram às autoridades. As reivindicações
dos rebelados eram três: o fim dos castigos corporais, a melhoria do soldo e
uma melhor tabela de horários.
Os castigos foram realmente encerrados, porém, a anistia não ocorreu. Os
líderes do movimento foram presos, entre eles João Cândido. As condições no
cárcere eram extremamente degradantes e muitos desses líderes morreram na
prisão por asfixia, ou fuzilados no navio cargueiro que os deportava, já
rendidos. No computo total, as fontes revelam que dos 2379 revoltosos, 2000
marinheiros foram expulsos e 200 foram presos e mortos. João Cândido, porém,
sobreviveu e acabou absolvido junto com outros nove companheiros em
julgamento do Conselho de Guerra realizado em 1912. Faleceu em 1969, pobre,
sem nunca ter recebido indenização pelos dois anos de prisão injusta e pelos
maus-tratos a que foi submetido.  Na época, através de artigos de jornais,
ficou conhecido como o Almirante Negro. Reprise. 52 min.
Ano: 2010. País: Brasil. Gênero: documentário. Direção: Marcos Manhães Marins

Fonte: Lista Racial

Nos rastros de uma Manaus Negra e Africana

fotografias africanas
Fotografias de africanos, negros e mestiços retiradas em um prédio antigo na Rua da Instalação no Centro de Manaus pela expedição de Luiz Agassiz e Elizabeth Agassiz em 1865. Outras podem ser encontradas no livro organizado por Maria Helena Machado e Sasha Huber intitulado “Rastros e raças de Louis Agassiz: fotografia, corpo e ciência, ontem e hoje”. São Paulo: Capacete, 2010.
A história da cidade de Manaus padece comdiscursos laudatórios e recortes preconceituosos que pouco esclarecem sobre os processos de construção espacial, cultural e socioeconômico de sua urbanidade. Ora retratada como uma entidade, quase um espirito da floresta, “encantada pelas iaras e uirapurus”; ora como “Paris dos trópicos” – experimentando o fausto da economia gomífera, dos costumes europeizados, cujo palco principal para a encenação do “ethos aristocrático daBelle Époque” é o Teatro Amazonas  –, a trajetória da cidade assim narrada oculta vivênciasimportantes. No máximo fala-se sobreas contradições entre costumes indígenas e costumes europeus. Contudo, pouco se diz sobre as experiências de africanos e seus descendentes na construção de uma cultura urbana em Manaus.

Racismo no Brasil : Segurança barrou entrada de atletas por serem negros no Shopping Vale Sul

Vale Sul
Três jogadores de futebol do Esporte Clube Taubaté registraram um boletim de ocorrência relatando que sofreram racismo no shopping Vale Sul, em São José dos Campos. Eles contaram que teriam sido impedidos de entrar no estabelecimento por um segurança porque são negros.
Os atletas, entre 17 e 18 anos, estavam acompanhados do preparado físico e outro jogador. Eles foram até o local para comprar chuteiras para a participação na Copa São Paulo de Futebol Junior, que inicia no próximo fim de semana. Um dos seguranças barrou o grupo e disse que eles não poderiam entrar em grupo e teria liberado somente um jogador, que é branco.
O grupo discutiu com o funcionário e teriam sido chamados de 'bando'. O vigilante do shopping ainda teria proferido frases caluniosas.
O shopping Vale Sul divulgou uma nota informando que está apurando o caso. Ainda na nota, o local ressalta que, sendo um dos maiores centros de compras da região que chega a receber 1,5 milhão de pessoas por mês, repudia qualquer ato de discriminação. A identidade do funcionário não foi divulgada.
Fonte: R7

RELATO DE RACISMO NO BRASIL: Sapatos contra o racismo. O natal em que fui barrado na portaria da Rádio Nacional

2012-12-27-09-45-52
Neste dia de natal, acordei pontualmente às 6 horas da manhã. Planejara dormir até mais tarde, para aproveitar o feriado, depois de ceiar com a família no Brasil, pela primeira vez em minha casa depois de 22 anos.
Muito suco, pernil feito pela minha filha Moema, com pouco sal como o papai precisa, e sobretudo muito carinho.
Estamos no dia 25, são 6 horas da manhã e a pressão sanguínia e o coração, me alertam, e me acordam intranquilo. Como não sou perú de natal, saio mesmo depois da véspera, para caminhar, e meditar sobre o que me incomoda e penso:
O que a gente não faz para estar no Programa Tema Livre na Rádio Nacional, com o amigo Luiz Augusto Gollo e convidados para um papo estimulante no dia 24, na véspera do natal?
A gente bota o despertador prá tocar às 6 da manhã, bota a cozinha nos conformes com todos os ingredientes, para que minha filha Moema Petri Romão inicie o preparo da Ceia;
Olha no computador os temas que deseja falar na retrospectiva de 2012;
Acorda a outra filha Papoula Sofie que deseja filmar o programa e partimos sem tomar café, para a sede provisória da Rádio Nacional, abrigada agora lá no quartel da TV Brasil, na Gomes Freire;
Anda em 2 ônibus e uma barca para o Rio de Janeiro, em um dia daqueles quentíssimos, em que peixe sai de casa com abanador e guarda-sol;
Na pressa e excitação, como se fosse um marinheiro de primeira viagem, esqueço-me de tomar o remédio para pressão alta. Não tem problema, acompanhado por minha filha nascida na Alemanha e no Brasil, me sinto como pintinho no lixo em minha terra natal.
Suo contente em minha camisa colorida como um Obama havaiano.
Como de praxe em todo programa ao vivo que participo, 15 minutos antes do programa ir ao ar, adentro com minha filha o recinto da TV Brasil, na Gomes Freire e atual abrigo provisório da Rádio Nacional, e desejamos um feliz natal para todos que lá estão trabalhando. Sinto prazer em ver funcionários públicos exemplares, que em pleno dia meio de feriado, assinam o ponto para engrandecer o sistema de comunicação popular brasileiro.
Aí, começa a história.
Não havia ninguém na mesa de recepção, só uns prováveis funcionários sentados em um banco de espera a uns 3 metros de distância, um segurança postado ao lado da catraca de entrada e duas mocinhas atrás de mim, sentadas e levando um bom papo.
Ainda meio aparvoado pela viagem e excitação pelo programa que vinha, olhava para os lados aguardando, que alguém viesse de algum banheiro para me atender.
Meus olhares indagadores para o segurança junto à catraca de entrada, replicavam nas paredes surdas, e os prováveis funcionários à minha direita, estavam tão entretidos numa algazarra natalina e comentando sobre as festas do dia anterior, que não me atrevia incomodá-los.
Minha pressão sanguínia já dava sinais de alarme, e eu respirava pausado e meditativo, como me rcomendara minha companheira e professora deYoga, Ortrun Gutke, para me manter calmo e me concentrar para falar sobre direitos humanos, em um programa que seria ouvido por milhões de pessoas.
Já se passavam 5 ou mais minutos, quando chegou um rapaz provavelmente mais simpático e menos suado e cabeludo que eu, e uma das mocinhas que estavam sentadas atráde mim, levantou-se e assentou-se em seu posto de serviço.
Foi rápido, não mais que 5 segundos o atendimento ao outro visitante, respirei fundo e entreguei minha identidade, junto com minha carteira alemã de jornalista, olhei para minha filha e percebi que ela não cruzou com a mocinha.
Eu tinha pressa, precisava chegar no estúdio, não podia me ocupar em reclamar pelo péssimo atendimento.
A mocinha me perguntou para onde eu ia e pegou o telefone. Apesar de eu dar o nome de tres pessoas, inclusive do diretor da rádio nacional do Rio, o Marcos Gomes, ela me disse que não encontrava ninguém.
Mais 5 minutos se passara. Pedi então para subir, pois ia Luis Carlos Gollo já deveria estar no estúdio com os convidados e o programa estava prestes a começar.
Meus 5 telefonemas para os celulares da produção só batiam em telefones desligados, como acontece em todo programa ao vivo.
Foi aí então que ela me informou que eu não poderia entrar, porque estava de sandálias havaianas, que nos meus tempos chamavam-se sandálias -de-dedo.
Pedi que telefonasse para o chefe da segurança, que abrisse uma exceção, pois era uma emergência e não havia sido informado desta exigência. Ela me respondeu que já o fizera;
Tive que respirar bem fundo. Então todos estes telefonemas em que enquanto ela falava, ela perguntava, o que eu era, o que eu queria fazer lá e só naõ peguntou qual era a cor de minhas cuecas, eram telefonemas que ela estava dando para o segurança e não para a produção e a direção da rádio, como eu pedira e imaginara que ela esta fazendo?
Já eram 10 horas, o programa iniciara, quando caiu minha ficha, estava de volta à casa natal e era um turista havaiano, para o qual não valia nem apresentar um crachá alemão em um prédio do seviço público brasileiro.
Eram ordens do chefe de segurança da casa, a moça dizia e comandou que eu falasse com "a segurança", em um escritório fora do prédio, mais próximo da Chefatura de Polícia no antigo prédio do DOPS na rua da Relação. Já me esquecera até do calor e suava frio.
Caminhei até lá me sentindo nú, querendo esconder meus pés pretos, das pessoas que olhavam para mim, pensei até em andar plantando bananeiras, mas imaginei que as solas dos meus pés já deveriam estar também pretas da fuligem das ruas, não ia dar certo.
Em lá chegando e informando ao enfadado segurança, a minha situação de emergência e que o programa já estava no ar, ele me disse que eu deveria pedir à recepção que telefonasse para a produção pedindo autorização para que se abrisse uma exceção.
Adentrei novamente o recinto pouco receptivo e solicitei à repecionista, que finalmente se comunicasse com a produção.
Com produção ao telefone, por não saber ler e pronunciar direito o meu nome "romão", que deve ser tão difícil quanto falar "alemão", a recepcionista me passou o telefone direto do estúdio, e a gentil produtora do programa , a jornalista Luciana, pediu-me que aguardasse um momento.
Exatos tres segundos depois, a recepcionista, já com cara de anjo de porta de presídio, sem me olhar e mirando de soslaio o agente da portaria, ordenou, "você pode entrar".
Recitei o mantra dos Deuses quando querem cavalgar sua ira, engoli o "você" em seco e passei a me concentrar no programa ansiosa e tão duramente conquistado. Minha filha, também de sandálias, me seguiu, sem que lhe pedissem documentos, quase branca alemã que é, não sem antes comentar, "mas que "Tootsie" papai, deu vontade de rodar a bahiana".
O programa foi uma maravilha e mesmo chegando atrasado pela discriminocracia institucional, aprendi bastante com os convidados, ao conversamos durante o tempo que me restava, sobre direitos humanos e sobre o fato de vivermos em uma sociedade em que o "zelador"da esquina está acima de nossa cidadada.Tem mais poder.
Não falei no programa sobre o incidente. "Não queria roubar a cena", afinal antes de ser um discriminado, sou um jornalista e sociólogo ativista dos direitos humanos, tenho que engolir sapos enquanto o show continua.
Ao comentar o final do programa sobre o incidente desagradável, Gollo respondeu na bucha, " mas se me avisassem eu poderia empresta meus sapatos".
Aprendi hoje também uma coisa que já tinha ouvido, o cidadão discriminado ou violentado costuma morrer quando cai a ficha. É no estar dormindo que a raiva e os sapos engolidos durante o dia ou são digeridos ou entopem as veias de nosso pensamentos.
Descobri mais uma vez que racismo mata. E como mata. O número de corações de amigos de minha faixa etária que explodiram nos últimos anos, já esgotam as estatísticas dos mortos em meus arquivos. Quanta" Inteligência Morta" se acumulam nas paredes dos museus de nossas inconsciências...
Qual o momento para falar e qual o momento para guardar o sentimento de ira gerado por uma violência sofrida?
Apliquei 1/4 de meu dia de natal refletindo e escrevendo sobre tudo isto. Me sinto desopilado e amo minha gente em volta.
Guardo entretanto minha ira santa. Já me perdoei por ter ficado calado. Cabe ao racista se perdoar.
Cada pessoa é responsável pelos seus atos.
Hoje cumpri minha parte.
De mim nenhum racista receberá perdão.
Isso só será possível quando descer pela minha guela, o mantra da auto-anulação.
Aprendi mais uma coisa que me lembraram meus amigos árabes; Da próxima vez, quando eu for visitar um prédio público, vou com um "par" de tres sapatos. Para utilizar o sobressalente no caso d´eu encontrar um racista de plantão pela frente.

Fonte: Lista Racial 

RACISMO NO ESPORTE: Marcelo Barreto: 'O racismo só vai acabar com atitudes enérgicas'

kevin-prince boateng milan
Em amistoso entre o Milan e o Pro Patria, na quinta-feira, o volante Boateng chutou a bola contra a arquibancada e abandonou o campo, após ser xingado por torcedores. Logo depois, os demais jogadores do time de Milão deixaram o gramado em solidariedade ao companheiro e a partida foi encerrada. Na opinião do correspondente do SporTV na Europa, Marcelo Barreto, somente com atitudes extremas, como a do jogador ganês, será possível acabar com o racismo no futebol.
- As coisas só vão mudar quando os jogadores tiverem atitudes radicais como a do Boateng. Até hoje, os jogadores que sofreram abuso resistiram heroicamente até o fim da partida, com medo de prejudicar seus clubes. Como foi um amistoso, o Boateng teve mais liberdade para fazer o que todos os jogadores já deveriam ter feito. A intolerância precisa ser combatida com atitudes enérgicas. Só ficar aplicando multas pequenas, como faz a Uefa, não vai resolver o problema - disse o jornalista, no "Redação SporTV".
Marcelo Barreto também destacou a importância de os companheiros de time de Boateng terem seguido o seu exemplo, deixando o campo. Além disso, lembrou que o meia Muntari e o atacante Niang foram igualmente ofendidos.
- É estranho defender um abandono de campo, mas melhor ainda foi o apoio dos jogadores do Milan, comandados pelo capitão Ambrosini. Até porque outros jogadores negros do Milan também eram xingados.
Em comunicado em seu site oficial, o Milan saiu em defesa de seus jogadores, mas ressaltou que as ofensas racistas não partiam de toda a torcida do Pro Patria.
Fonte: Sport TV