TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Ativistas protestam contra caso de racismo em ponto de táxi - "Parem o racismo ou paramos a cidade"

Grupo seguiu em passeata até o Estacionamento São Raimundo, onde fica a Coordenadoria de Táxi - Foto: Divulgação




Cerca de 40 ativistas negros protestaram nesta quarta-feira, 27, na praça da Piedade, em Salvador, o 
racismo sofrido pelo jornalista Eduardo Machado, pela cineasta Larissa Fulana de Tal, e por dois amigos do casal no dia 23 de junho, em um ponto de táxi no bairro da Calçada.
Com cartazes com dizeres "Taxista consciente não é racista", os manifestantes fizeram apitaço até o Estacionamento São Raimundo, onde fica a Coordenadoria de Táxi (Cotai), e pediram o fim de atos racistas. "Parem o racismo ou paramos a cidade", gritavam os ativistas.
A manifestação referia-se à tarde do dia 23 de junho, quando os quatro jovens saíram da praia do Cantagalo, na Cidade Baixa. Na ocasião, conta Eduardo Machado, taxistas do ponto localizado na Calçada se recusaram a levá-los até o Barbalho, pois temiam que não pagassem a corrida. A situação, que evoluiu para uma discussão sobre discriminação racial, foi interrompida, segundo as vítimas, por policiais da viatura 50.108 da Polícia Militar (PM).
A resolução do problema, no entanto, não ocorreu. Segundo relatos do jornalista e da cineasta, Eduardo e um de seus amigos, William, foram colocados na viatura por policiais da Rondesp, que teriam ameaçado os quatro com um fuzil.
A partir dali, uma peregrinação começou. Primeiro sozinha e depois com ajuda de militantes negros, Larissa procurou pelo companheiro nas delegacias da cidade. O temor, conta ela, era de um fim trágico.
"Perguntei para onde estavam levando eles e os policiais não me responderam. Ali configurou o sequestro e eu só lembrava de Giovanni e de David Fiuza, que também foram colocados na viatura e só foram encontrados mortos", relatou a cineasta durante a manifestação.
Durante esse período, de duas horas, foi um terror para Eduardo. Parou na delegacia do Bonfim, na CIPM do Lobato e na Delegacia de Flagrantes, no Iguatemi, onde conta ter sido agredido por agentes da Polícia Civil.
O jornalista afirma que foi obrigado a sentar no chão e, por ter se recusado, foi levado à carceragem da Delegacia de Flagrantes, mesmo tendo ensino superior. Ele revela que conseguiu identificar o nome de dois dos policias que o conduziram pela cidade, de prenomes Gabriel e Clóvis Jr.
Apuração
Ele prestou queixa do ocorrido, mas não recebeu o Boletim de Ocorrência (BO). A Defensoria Pública e o Centro de Referência de Combate ao Racismo Nelson Mandela enviaram ofício à Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) para apurar o caso.
A PM informou, em nota, que encaminhou o relato do caso à Corregedoria para verificar se houve registro de ocorrência, mas, até a publicação desta reportagem o órgão não enviou resposta.
A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que não vai comentar o assunto, pois não teve conhecimento do caso.
Já a Polícia Civil disse que Eduardo Machado "foi conduzido por uma guarnição da PM por desacato".
Segundo a versão do órgão, o jornalista assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). "Os taxistas se recusaram a fazer a corrida para o grupo que acompanhava José Eduardo porque estavam com as roupas molhadas, o que gerou uma confusão", diz a nota.
"Eduardo continuou agressivo ao chegar à Central de Flagrantes, onde foi colocado na Sala de Custódia, como medida para preservar sua integridade física", continua a nota, informando que o termo assinado foi enviado ao Juizado Especial Criminal, que vai adotar as medidas cabíveis.