Portugal, Brasil e diversas nações africanas foram responsáveis pela maior emigração forçada da história da humanidade. Brazil: An Inconvenient History é um documentário dedicado ao passado colonial do Brasil, realizado em 2000 por Phil Grabsky, para a BBC/History Channel. Ganhou um Gold Remi Award no Houston International Film Festival em 2001. A "história inconveniente do Brasil" é uma história inconveniente de Portugal até 1808 (invasões francesas e fuga da corte para o Brasil) e do Brasil até 1888 (abolição oficial da escravatura) e dos diversos reinos africanos (capturavam e vendiam escravos aos traficantes). Uma história inconveniente para todos (à excepção dos próprios escravos).
CONTEXTO HISTÓRICO: ESTIMATIVAS GROSSEIRAS:
40% dos escravos capturados não sobreviviam ao percurso no interior do continente africano (até ao litoral onde eram vendidos) 15% dos escravos embarcados não sobrevivia à travessia do Atlântico 40% de todos os escravos que sobreviviam à travessia do Atlântico eram destinados ao Brasil. 4% e todos os escravos iam para os EUA. Vindos de Angola, chegaram ao Brasil 10 vezes mais escravos do que os destinados aos EUA. Chegou uma época em que a metade da população brasileira era constituída por escravos. O Brasil teve o maior comércio de escravos. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888.
CONTEXTO HISTÓRICO: TRÁFICO DE ESCRAVOS PARA O BRASIL:
Portugueses, brasileiros e mais tarde holandeses dominaram um comércio que envolveu a movimentação de milhares de pessoas. O comércio de escravos estava solidamente implantado no continente Africano e existiu durante milhares de anos. Nações Africanas como os Ashanti do Gana e os Yoruba da Nigéria tinham as suas economias assentes no comércio de escravos. Quando Catarina de Áustria (1559) autoriza o tráfico de escravos para o Brasil o comércio de escravos oriundos da África, que antes era dominado pelos Africanos, passa a ser também dominado por Europeus. O tráfico de escravos para o Brasil não era exclusivo de comerciantes brancos europeus e brasileiros, mas era uma actividade em que os pumbeiros, que eram mestiços, negros livres e também ex-escravos e não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro -- no caso de Angola, também parte do comércio interior -- para além de fazerem o papel de mediadores no comércio de escravos da África Atlântica. Refira-se Francisco Félix de Sousa, alforriado aos 17 anos, foi considerado o maior traficante de escravos brasileiro.
CONTEXTO HISTÓRICO: OS PRIMEIROS ESCRAVOS E A LEGALIZAÇÃO DA ESCRAVATURA:
Diversas nações africanas tinham as suas economias dependentes do tráfico de escravos e viam o comércio de escravos com os europeus como mais uma oportunidade de negócio. O mais antigo registro de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou ao Rei a remessa de 17 negros para a sua capitania de São Tomé (Paraíba do Sul/Macaé) Seguidamente, por Alvará de 29 de Março de 1559, D. Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo governador-geral, a importar até 120 escravos.
CONTEXTO HISTÓRICO: COMO O AFRICANO SE TORNAVA ESCRAVO
Quando os portugueses chegaram a África encontraram um mercado africano de escravos largamente implementado e bastante extenso. Os africanos eram escravizados por diversos motivos antes de serem adquiridos: - prisioneiro de guerra - punição para quem fosse condenado por roubo, assassinato, feitiçaria e, às vezes, adultério - penhora, as pessoas eram penhoradas como garantia para o pagamento de dívidas. - rapto individual ou de um grupo pequeno de pessoas no ataque a pequenas vilas, - troca de um membro da comunidade por comida - como pagamento de tributo a outro chefe tribal A taxa de mortalidade dos africanos no percurso que faziam desde o local em que eram capturados até ao litoral onde eram vendidos ou embarcados estima-se em 40/%. Durante a travessia do Atlantico a taxa de mortalidade era menor e situa-se em cerca de 15%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário