TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

MA - Quilombola marcado para morrer

quilombola marcado para morrer
Uma semana depois de denunciar que o poço da comunidade em que mora foi criminosamente envenenado, o Sr. José da Cruz, liderança quilombola de Salgado, Pirapemas-MA, denuncia que dois pistoleiros foram até o quilombo para matá-lo, seu José só escapou porque não estava em casa.


No dia 16 de dezembro, seu José da Cruz acompanhado de José Patrício outro morador do quilombo de Salgado, participaram em São Luís, de uma entrevista coletiva realizada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB, onde foi denunciado que no dia 04.12.2011, os dezoito animais que ele criava para seu sustento, foram envenenados e mortos, e que no dia 14.12.2011 o poço que a comunidade utiliza foi envenenado para matar quem bebesse da água.
Os trabalhadores rurais trouxeram mostra da água para análise e os depósitos de veneno encontrados dentro do poço.
Os acusados de toda essa violência são dois homens – Ivanilson Pontes de Araújo e seu pai Moisés Araújo que desde 1982 travam um conflito possessório com a comunidade. Em outubro de 2010, o juiz da Comarca de Cantanhede concedeu manutenção de posse em favor das famílias, no entanto, os dois acusados insistem em desrespeitar a ordem judicial.
Durante a entrevista coletiva, José Patrício denunciou que Ivanilson o teria ameaçado dizendo que se ele e outros moradores da comunidade continuassem a fazer roças iriam "pagar caro" por isso.
A situação é ainda mais preocupante, porque há dois dias a delegacia de Pirapemas está fechada e os quilombolas não conseguem registrar qualquer ocorrência policial. Além de tudo isso, o escrivão de polícia foi visto dirigindo o carro de um dos acusados.

Anistia Internacional lança campanha em defesa da Comunidade Salgado


A Anistia Internacional, maior entidade de direitos humanos do planeta, lançou nesta quinta-feira (23), uma campanha internacional, em defesa da Comunidade quilombola de Salgado, em Pirapemas no Maranhão. A anistia enviou correspondência à governadora Roseana Sarney e à Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário, cobrando do governo estadual e federal providências urgentes em relação à segurança da comunidade e ao líder comunitário José da Cruz .
Salgado é mais uma comunidade quilombola no Maranhão que sofre ameaças e intimidações constantes de fazendeiros locais, como conseqüência de sua longa luta pela titulação de seus territórios. Relata o documento enviado pela Anistia, que "no final de agosto, um pistoleiro efetuou disparos na direção da casa de seu José da Cruz, matando uma porca. No dia 3 de dezembro de 2011 , integrantes da comunidade descobriram que 18 animais do lavrador, tinham sido envenenados e mortos, causando uma perda enorme para sua família. Em 14 de dezembro, membros da comunidade encontraram recipientes de veneno dentro do poço utilizado pela comunidade. "
O fato chamou a atenção da Comissão de Direitos Humanos da OAB que realizou uma coletiva de imprensa no dia 16 de dezembro em São Luís, denunciando o caso. Poucos dias após a coletiva, seu José da Cruz informou que enquanto estava ausente, dois pistoleiros o procuraram na sua casa para matá-lo.
Os acusados de toda essa violência são dois homens – Ivanilson Pontes de Araújo e seu pai Moisés Araújo que desde 1982 travam um conflito possessório com a comunidade. Em outubro de 2010, o juiz da Comarca de Cantanhede concedeu manutenção de posse em favor das famílias, no entanto, os dois acusados insistem em desrespeitar a ordem judicial. Durante a entrevista coletiva, o quilombola José Patrício denunciou que Ivanilson o teria ameaçado dizendo que se ele e outros moradores da comunidade continuassem a fazer roças iriam "pagar caro" por isso.
O mais alarmante de tudo isso é a suspeita da conivência da polícia do Estado com os fazendeiros locais. A delegacia de Pirapemas está fechada e os quilombolas não conseguem sequer fazer um boletim de ocorrência. Além de tudo, o escrivão da polícia foi visto em companhia de um dos acusados.
O documento enviado pela Anistia relata ainda que membros do Programa Federal para a Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos já visitaram a comunidade e prometeram inclui-los no programa, no entanto, procurado pela Anistia no dia 21 de dezembro o governo federal não soube informar que medidas seriam adotadas para garantir a segurança da comunidade, dizendo que o dever de fazer isso era das autoridades estaduais.
Esta não é a primeira vez que a Anistia Internacional se pronuncia em relação a esse conflito. No dia 01 de agosto foi lançado para todo o mundo a partir de Londres, uma campanha em defesa do advogado da Comissão Pastoral da Terra, Diogo Cabral e do Padre Inaldo Serejo, coordenador da CPT no Maranhão. Ambos foram ameaçados na tarde de 25 de julho enquanto assistiam a uma audiência relacionada à disputa de terras entre fazendeiros locais e a comunidade quilombola de Salgado. Refere a Anistia que, segundo Diogo Cabral, um fazendeiro local, disse na porta do Fórum que pessoas de fora traziam problemas para o povoado e que, devido ao apoio dado à comunidade quilombola, "a gente tem que passar o fogo de vez em quando, que nem fizeram com a irmã Dorothy".
"A CPT tem mantido contato permanente com a Anistia Internacional que tem acompanhado atentamente o conflito. O que esperamos é que o INCRA acelere o mais breve possível, o processo de titulação que já está tramitando há 11 anos, eivado de fraudes por parte dos servidores do INCRA que chegaram a admitir no processo técnico que sequer havia famílias morando na área. Esperamos também que o governo do estado cumpra seu papel de garantir segurança à comunidade visto que há uma relação muito próxima dos acusados tanto com a polícia civil quanto com a militar". Disse Diogo Cabral, advogado da Comissão Pastoral da Terra.
Fonte: Vias de Fato