TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Jornal A Tarde (BA): Mulheres e negros têm menos acesso a transplantes de órgãos no Brasil

28/07/2011 14:38

Ser mulher e negro no Brasil é ter que enfrentar um desafio diário para ter os direitos garantidos.Se você é mulher e negro e está na fila de espera por um transplante de órgãos, saiba que a sua cor e gênero podem diminuir as chances de ter a cirurgia realizada.É isso o que mostra um estudo inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com a pesquisa – que teve como foco os transplantes de órgãos sólidos, como coração, fígado, rim, pâncreas e pulmão -, a maioria dos transplantados no Brasil são homens de cor branca. Um dado preocupante, sobretudo para a Bahia, que tem 82% da população negra.

A análise do Ipea mostra que a cada quatro receptores de coração, três são homens, e 56% dos transplantados têm a cor de pele branca. No transplante de fígado, oito são para pessoas brancas. O mesmo ocorre com os transplantes de pâncreas, pulmão e rim.

Desigualdade
Esse trabalho revela que há desigualdade no recebimento dos órgãos, o que não deveria ocorrer, já que o acesso à saúde é um direito universal”, pontua o economista Alexandre Marinho, da diretoria de estudos e políticas sociais do Ipea, um dos autores da pesquisa. Para realizar o trabalho, os pesquisadores analisaram dados de 1995 a 2004, fornecidos pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

As causas do fenômeno não foram o foco do estudo, mas acredita-se que as condições socioeconômicas tenham influencia no momento de escolha do paciente.
Na opinião do coordenador do Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria do Estado da Bahia (Sesab), Eraldo Moura, a pesquisa precisa ser melhor investigada.

O transplante vem sendo de fato realizado mais em brancos ou em pessoas que se declaram brancas?”, questiona. Segundo Moura não há possibilidade de existir “prioridades” na lista. “Todos têm o mesmo direito. A lista de espera não funciona com o critério cor e gênero”, garante.

A pesquisa Desigualdade de Transplantes de órgãos no Brasil: Análise do Perfil dos Receptores por Sexo, Raça ou Cor será apresentada hoje, às 9h, durante uma audiência pública realizada no auditório do Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador.

Com o tema À População Negra e a Política de Transplante de Órgãos e Doação de Medula Óssea, o evento é realizado pela Ouvidoria da Câmara, em parceria com o Grupo de Apoio à Criança com Câncer (Gacc- BA).

“Embora as causas não tenham sido foco do estudo, acreditamos que os pacientes podem ser excluídos porque não estão aptos para o transplante, provavelmente pelas condições socioeconômicas. Isso tem que ser discutido”, avalia o economista do Ipea, Alexandre Marinho.

Conscientização
De acordo com a vereadora Olívia Santana, também ouvidora-geral da Câmara, o objetivo é conscientizar e estimular a doação de órgãos e medula óssea pela comunidade negra. Olívia reclama da falta de informações acerca dos grupos sociais que compõem o banco de dados do Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome). “Vamos solicitar do Instituto Nacional do Câncer que disponibilize aos hemocentros a base de dados sobre o perfil genético dos doadores. É fundamental que as campanhas de doação de medula óssea sejam planejadas, garantindo equilíbrio e a diversidade de doadores”, diz

Nenhum comentário:

Postar um comentário