TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos, diz estudo do DIEESE


As vésperas do dia 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) comprova uma realidade que, na prática, já é bastante conhecida: as oportunidades no mercado de trabalho e os níveis de escolaridade não são os mesmos entre as populações negra e não-negra no Brasil.

A pesquisa, intitulada de "Escolaridade e Trabalho: desafios para a população negra nos mercados de trabalho metropolitanos", comparou dados obtidos em Salvador, Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e no Distrito Federal. Segundo o estudo, o ganho mensal dos negros (formados pelos pretos e pardos) pode ser até 52,9% menor do que o dos não-negros (brancos e amarelos).

De acordo com Patrícia Lino Costa, economista do Dieese, essa diferença de salário pode ser atribuída "à discriminação à população negra". "Nas regiões metropolitanas, o salário médio por hora de um negro com ensino superior é de R$ 13, enquanto o mesmo salário de um branco é de R$ 18", disse. A maior diferença foi encontrada em Salvador, onde o rendimento médio mensal dos negros é de R$ 715, contra R$ 1.350 dos brancos.

Para a economista, a diferença de oportunidades também ajuda a explicar os rendimentos mais baixos dos negros. "Quando a gente olha a população economicamente ativa, a população negra tem uma escolaridade menor", afirmou. Ela explicou ainda que existe uma "diferença histórica" entre a escolaridade de brancos e negros, e isso se mantém, mesmo com o aumento na escolaridade dos negros.

"Apesar do crescimento da escolaridade, existe ainda uma diferença nos indicadores. Mesmo a população negra mais escolarizada tem mais dificuldade para obter um emprego e ganham menos", afirmou. Ainda assim, Patrícia destaca que a escolaridade é "uma condição para uma melhor inserção no mercado de trabalho".

Por outro lado, disse ela, o estudo ajuda a desmistificar "a idéia de que o preconceito não existe". "Os indicadores mostram o tempo inteiro que não, que a população negra está sujeita à discriminação, a mais desemprego e menores salários. Não existe uma região metropolitana onde você pode dizer que isso não exista."

A pesquisa ajuda, também, a orientar políticas publicas que levem em consideração a questão racial e criar condições de acesso à essa população, avaliou a economista. "É um problema que precisa ser enfrentado para ser solucionado. A partir do momento que uma sociedade cria uma secretaria de igualdade social ela admite que não é igualitária e que precisa adotar medidas para corrigir esse problema."

Um comentário:

  1. O discurso de que é de necessário investir na educação para reduzir as desigualdades é praticamente geral entre as pessoas, no qual também me incluo nesse grupo, apesar de achar que só isso não é suficiente, pelo menos em se tratando de Brasil. No Brasil, para os negros, não basta somente estudar, se qualificar, se preparar profissionalmente, só isso não adianta. Existe outra grande barreira a ser enfrentada em todos os lugares e em todos os momentos na realidade de quem é negro. É o (racismo). Essa minha reflexão evidenciou-se com o resultado de uma pesquisa realizada pelo DIEESE, que dá nome ao titulo desta matéria (DIEESE: Mesmo com escolaridades iguais, negros ganham menos que brancos). O resultado desta pesquisa me leva a pensar de que seria melhor primeiro humanizar as pessoas, ou seja, dizendo que ninguém é melhor do que o outro por causa da cor da pele, para depois educá-las, seja domesticamente ou academicamente. Digo isso porque o resultado desta pesquisa está me dizendo em outras palavras de que o racismo é cultural no Brasil, (e que de fato é, o negro é inferiorizado desde a fundação desta terra) já que, ainda que os negros preparem-se da mesma forma que os brancos, não terão chances de ascender na sociedade. Por outro lado o resultado desta pesquisa é muito pertinente e importante para aquelas pessoas que usam o discurso de que o negro só não tem espaço porque não é qualificado, porque não estudou, porque não é preparado. Essa pesquisa está nos dizendo que o negro sofre todas essas mazelas basicamente porque é negro. E que vivemos num país racista. Onde o próprio estado reconhece isso, já que temos um ministério especial de Promoção da Igualdade Racial. Será que tem tanta sustentação mesmo o discurso de quem acha que é só investir na educação de qualidade, e sabe lá quando ela terá realmente qualidade, para reduzir as desigualdades entre negros e brancos. Acredito que para se alcançar essa igualdade, pelo menos de posição, não basta somente usar o discursos, mas, sobretudo medidas legais para transformar esse contexto. Por esses aspectos considero extremamente importante a política de ações afirmativas, as cotas para negros nos mais diversos campos onde o negro tenha que disputar algo com o branco, não por falta de capacidade, muito pelo contrário, mas como diz o texto da matéria (Mesmo com escolaridades iguais, os negros ganham menos e tem menos oportunidade do que os brancos). Abraço a todos

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