Em declaração, reitor da Federal do Recôncavo Baiano culpa
"cor, renda e formação" do trabalhador pela desestrutura. Veja vídeo
Estudantes
da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) acusam o reitor, Paulo
Gabriel Nacif, de racismo ao justificar a falta de estrutura da instituição. Em
uma declaração gravada durante uma reunião com uma comissão de alunos que
solicitava melhorias ele citou a cor e a renda dos trabalhadores como
justificativa para os problemas.
Na
declaração completa ele diz: "A interiorização vista de diversas formas
por vocês tem que ser concebida também do ponto de vista de formar uma relação
de servidores técnicos administrativos, formarem uma relação de gestores, que
não é só o reitor. Então, assim, a universidade funciona precariamente mesmo.
Sabe uma universidade que nasce no interior, cujos trabalhadores são dos
interiores... Se a gente for ver pela cor do trabalhador, se a gente for ver
pela renda do trabalhador que nós temos na UFRB a gente vai ver que... a
formação do trabalhador, a gente vai ver que aqui tem um desafio maior".
Os
estudantes da UFRB fizeram uma paralisação e ocupação da instituição por 40
dias com uma pauta de 101 pedidos. Entre eles, biblioteca básica, professores e
quadra para aulas de esportes. Uma comissão de dez alunos foi composta para a
negociação e gravava a conversa com o reitor no último dia 6 de outubro quando
ele fez a justificativa que foi interpretada como racista.
"O
problema de estrutura não tem nada a ver com os funcionários, muito menos com a
cor deles", diz Ezilda Ferreira Barreto, 23 anos, aluna do 4º período de
Serviço Social que estava presente na reunião.
O
reitor Paulo Gabriel Nacif não foi encontrado pelo iG na noite desta segunda-feira.
A página da UFRB que traz seu perfil diz que ele nasceu no sul da Bahia e com
meses de vida foi com a família para Teodoro Sampaio, no Recôncavo Baiano, onde
passou toda sua infância. Fez carreira acadêmica na Federal da Bahia (UFBA) e
foi convidado a ser o primeiro reitor da UFRB em 2007 para um mandato que se
encerraria neste ano.
De
acordo com Ezilda nesta reunião a reitoria se propôs a atender parte das
reivindicações dos estudantes e a desocupação dos prédios ocorreu no dia 10.
Nesta segunda-feira, 17, os estudantes retomaram as aulas e amanhã haverá uma
reunião para debater a declaração do reitor.
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