TIRE O SEU RACISMO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM A MINHA COR. Georges Najjar Jr

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

'Só por ser negro, confundiram-me com ladrão', diz policial do ES Ele comprou 2 garrafas de vinho e foi revistado em supermercado. Estabelecimento não quis falar sobre o assunto.

“Só porque sou negro e ando às vezes de chinelo, confundiram-me com ladrão”, foi o que disse, chorando, o cabo da Polícia Militar e estudante de direito, Edson Rosa. Após comprar duas garrafas de vinho em um hipermercado na avenida Nossa Senhora da Penha, em Vitória, na noite desta terça-feira (18), os seguranças do estabelecimento ordenaram que o militar tirasse a roupa para ser revistado. Com o comprovante de pagamento dos produtos em mãos, Edson Rosa chamou a polícia e os envolvidos foram para o Departamento de Polícia Judiciária de capital do Espírito Santo. O Ok Hipermercado informou na manhã desta quarta-feira (19) que o fato não ocorreu e está buscando as imagens dentro da loja para comprovar e levar em juízo.
Edson é cabo da Polícia Militar há 21 anos, além de ser estudante de direito. Na folga do trabalho, de chinelo, bermuda e camiseta, ele entrou no hipermercado para comprar duas garrafas de vinho para passar a noite na casa da namorada, mas acabou no DPJ de Vitória.
Mandou eu tirar a roupa e me fez despir dentro do banheiro, uma coisa muito constrangedora"
Cabo da PM, Edson Rosa
As garrafas estavam dentro da sacola do supermercado, com nota fiscal do produto pago no valor de R$ 75, mas segundo o militar, a suspeita dos seguranças era de que ele teria furtado a mercadoria do estabelecimento.
De acordo com o cabo, depois de pagar pelas garrafas de vinho, ele foi ao banheiro. Os seguranças foram atrás, o abordaram e pediram que ele tirasse a roupa durante uma revista. “Perguntaram-me: o senhor pagou esse vinho? Eu disse que sim e que tinha a nota. Mandou eu tirar a roupa e me fez despir dentro do banheiro, uma coisa muito constrangedora. É uma situação difícil, eu queria morrer a passar por isso. Sempre trabalhei e estudei. É como se eu tivesse tomado uma punhalada nas costas”, detalhou Edson.
'Só por ser negro me confundiram com ladrão', diz policial do Espírito Santo (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
Ele acredita que passou por essa situação por ser negro e pela forma como estava vestido. “É o preconceito racial e social que cresce num país democrático de direito que a gente sofre diuturnamente”, desabafou o cabo.

A Associação de Cabos e Soldados informou que vai entrar na Justiça com pedido de punição para o supermercado e seguranças. “As pessoas têm que parar de julgar os outros pela aparência, têm que aprender um pouco mais a respeitar o ser humano, independente da cor da pele ou roupa que ele está usando. Se alguém chega lá de terno e gravata, é tratado de uma forma, se chega com camiseta e uma sandalinha, é tratado de outra. Acho que é o momento de refletir sobre isso, respeitar as pessoas independente da sua aparência, condição social ou cor da pele”, disse o presidente da associação Flávio Gava.
Do G1 ES, com informações da TV Gazeta

Nenhum comentário:

Postar um comentário